segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jura e o caso da bota

Pessoas queridas que têm paciência para ler o que escrevo aqui: desculpem o sumiço! Nem sempre o computador da escola esta disponivel e em casa posso usar o computador da Genevieve, mas ela dorme cedo... Mas esse problema esta prestes a acabar, pois vou comprar um computador que deve chegar em tres semanas (tentei comprar ontem, mas tive algum problema com o cartao. Acredito que resolverei isso hoje).

Bom, minha vida na França. Quarta, como comentei, fui assistir o espetaculo de dança com a Juliana e mais tres alemas. Era uma dança moderna e a cada momento parecia que os bailarinos iam quebrar todos os ossos do corpo, mas na verdade eles eram bem elasticos. Foi bonito no final. Nesse dia descobri que os europeus tem mania de aplaudir por um longo tempo, por isso os artistas têm que ficar voltando toda hora para agradecer. Depois fomos para um bar espanhol, onde tocava musica latina e a gente conversava ora em frances, ora em ingles, as vezes em portugues e as alemas em alemao.

Ainda na quarta eu fui ao banco e a moça explicou que a gente precisava marcar um "rendez-vous" pra eu poder abrir a conta. Marquei para quinta 17h e antes disso fiquei fazendo hora aqui perto da escola. Fui ao restaurante brasileiro, mas ele so abre a noite. No banco foi bem tranquilo, a moça era muito simpatica e falava devagar para eu enteder. Os bancos franceses sao estranhos, nao tem aquelas filas com um monte de gente. Parecem mais um escritorio de advogado chique, ou qualquer coisa assim.

Nesse dia pela primeira vez cheguei em casa e nao tive sono. Entao fui lavar minha bota que estava suja - de lama - do passeio no parque. Perguntei a Genevieve como eu poderia fazer isso e ela me perguntou, meio indignada, quantos anos eu tinha. (Nessa parte eu preciso explicar que os apartamentos aqui nao tem area de serviço, muito menos tanque!). Dai ela pegou a bota e colocou na pia da cozinha e eu olhei bem assustada e falei: "mas ai a gente lava as vasilhas!". Nisso ela respondeu: "a gente lava o que quiser". Entao eu falei que ela deixasse, que eu mesma ia limpar a bota e fui para a sala de banho, fazer o serviço na pia. Nesse dia tambem pela primeira vez eu sentei pra estudar. Fiz um texto que era dever de casa e a Genevieve achou bonitinho - era meio que uma cronica onde eu tinha que usar expressoes de causa e consequencia. A professora ainda nao devolveu.

Na sexta tivemos uma festinha na escola. Como no dia 14 foi dia dos namorados, tivemos que fazer uma carta de amor "engraçada" e teve um concurso para escolher a melhor. Obviamente que passei longe de ganhar... A festa começava as 18h. Antes ia ter uma apresentaçao de um filminho feito por alguns alunos sobre algumas confusoes que a gente faz com o idioma. Mas me bateu um espirito de brasileira e eu cheguei quase 19h, quando a festa ja estava acabando. Dai fomos eu e mais duas brasileiras - uma delas era a Juliana - para um bar com os colombianos e uma venzuelana. Eles falavam espanhol e a gente falava portugues e todo mundo se entendia, mas o garçom perguntou se éramos italianos... Depois do bar compramos dois vinhos de 4 euros cada e fomos para o apartamento de uma menina da escola que ninguem conhecia, onde teria uma festa.

A festa foi bem legal. O ape era pequeno, mas nao tinha moveis, entao tinha bastante espaço. Tinha umas 50 pessoas de varias nacionalidades - logo tive a oportunidade de falar todos os idiomas que eu sei - e cada um levava sua bebida. Foi bom para conhecer o pessoal que estuda a tarde e descobrir que na escola tem alguns homens! Conheci um frances bem legal que vai me ajudar a arrumar emprego e me levar pra esquiar - junto com varias outras pessoas - se nao chover no fim de semana. Em determinado momento da festa alguem me pediu pra dançar samba, dai colocamos algumas musicas do meu ipod e foi um sucesso. As nao brasileiras queriam aprender a dançar, mas...

Como de costume, voltei para casa meia noite, ate porque no sabado eu ia viajar. Acordei no dia seguinte as 9h e as 10h e qualquer coisa saimos de casa. Passamos no supermercado, compramos ingredientes para um bolo de cenoura e por volta de meio dia estavamos em Jura.

Trata-se de uma montanha do periodo Jurassico - dai o nome - onde tem varios vilarejos construidos na epoca medieval. Cada um foi formado em torno de um castelo e tem varias casas de pedra enormes e lindas, muros de pedra, igrejas de pedra e varias coisas antigas. Fomos para la comemorar o aniversario da sobrinha da Genevieve. Fui super bem recebida pela irma dela; Anne, e seu marido Dominic - que moram em Paris e me convidaram para ficar na casa deles o dia que eu for la. Comi muito, bebi varios tipos de vinho, champagne e me diverti muito.

Em Jura (pronuncia-se Jurrah, com biquinho pro U) eles fazem um vinho amarelo, que tem um gosto forte, bem tipico. Vale a pena experimentar, mas nao é o melhor do mundo. A casa parecia um labirinto, tinha varios quartos, tres salas enormes, um estudio de musica com piano e bateria e um salao de festas bem no subsolo - o lugar é meio uma caverna e parece aqueles saloes medievais que a gente ve nos filmes. Choveu o tempo todo e fez muito frio. Mesmo assim sai no sabado e no domingo de manha para ver os castelos e outros vilarejos. Ma-ra-vi-lho-so. Tirei varios fotos que colocarei no facebook em breve.

Quando anuncei que eu ia fazer um bolo de cenoura todo mundo teve um pouco de medo. Depois do parabens todo mundo repetiu e a filhinha da sobrinha da Genevieve ate anotou a receita. Alem dos passeios incriveis, da comida deliciosa e dos vinhos, o fim de semana la foi bom para praticar frances, pois a familia era toda francesa e nao falava ingles. Foi a primeira vez desde que cheguei que passei o dia todo falando so o idioma daqui - na escola sempre tem a Juliana e em casa sempre falo com alguem no skype. No fim do dia eu estava ate cansada.

Fiquei perguntando como funcionam algumas coisas na França, como sistema de saude, educaçao e por ai vai. Falando nisso, esqueci de comentar que a estrada era impecavel, toda duplicada, linda, sinalizada, perfeita. Mas pagamos 12 euros de pedagio para ir e mais 12 para voltar. A viagem foi a estreia do carro novo da Genevieve, um citroen pequeno e muito bonitinho - aqui tem todas as marcas de carro, mas a maioria é Renault, Peugeot e Citroen, e tambem tem muitos BMW. Ela tambem tinha comprado um iphone por 50 euros com os pontos da operadora e estava super entusiasmada - desde o dia que cheguei ela falava em comprar um.

Bom, o post ja estava enorme, entao vou encerrar por aqui. Por favor nao saiam dizendo que tem coisas que so acontecem no Brasil, pois aqui as pessoas tambem esperam horas para ser atendidas em hospitais publicos - ninguem morre na fila, mas a Anne uma vez quebrou a perna, foi para o hospital a tarde e so foi atendida no outro dia de manha. Alem disso, a licensa maternidade aqui é de dois meses. E pensem bem se vocês pagariam 12 reais de pedagio num trecho de 160 km sem reclamar.

p.s.: esqueci o iphone em casa, por isso a foto sera postada mais tarde.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Match Nul

O açucar aqui sempre vem em cubinhos.

Adoro as quartas-feiras, porque as crianças não têm escola - não me perguntem porque - e o ônibus fica bem mais vazio e o trânsito flui. Normalmente o ônibus fica cheio, mas não é como no Brasil que você fica esprimido entre a roleta e mais cinco pessoas atrás de você - mesmo porque não tem roleta nem trocador -, é um cheio que ainda dá para ter algum conforto. E no metrô as pessoas sempre esperam as outras sair para entrar.

Mas bom, eu ainda não contei do domingo, então vamos lá. Thomas, Fabrice e Damien iam almoçar lá em casa, por isso acordei mais ou menos cedo e fui direto pra cozinha. Genevieve já tinha feito uma torta de maçãs e foi para a missa, então eu realmente não tive ajuda de ninguém. Eu queria fazer uma quenga - para quem não é do Norte de Minas, é um frango engrossado com fubá, que geralmente a gente come com angu. O grande problema é que aqui não tem fubá, assim como não tem farinha de mandioca e várias outras coisas. Então pedi para a Genevieve comprar milho e engossei o caldo com maizena - sim, maizena existe aqui e é simplesmente maizená. No fim virou alguma receita que eu mesma inventei, mas meus convidados gostaram e repetiram e, como eles não conhecem a cozinha brasileira, não fez muita diferença não ser uma quenga legítima.

Depois do almoço eles iam passear no Parc de la tête d'or e me chamaram para ir com eles. Estava chovendo e estamos no inverno, então nem achei o parque bonito, mas vou voltar no verão e então dou o veredicto. O parque tem zoológico, com zebra, girafa, leão, veados tipo o bambi, cisnes e patos franceses, que tem a cabeça verde. Mas o que o pessoal daqui gosta mesmo são dos macacos. Eles acham incrível o tanto que eles parecem com os humanos e ficam realmente encantados. Eu fiquei mais entusiasmada com os bambis e expliquei para eles que já vi muito macaco na vida.

A presença do Damien nesse dia melhorou muito minha vida, porque ele entende inglês muito bem, então ficou bem mais fácil perguntar como se diz algumas palavras em francês. Eu disse que ele entende bem francês porque, realmente, francês falando inglês é uma tragédia. Eles não sabem fazer o R. Até agora não conheci um que fala direito. Só que nesse dia eu descobri que eles também não sabem falar espanhol. O Damien queria falar 'jirafa', mas não conseguia fazer o R do Ji e em sequência o R do Ra. O Fabrice ficou rindo, então falei pra ele tentar e ele também não conseguia. Daí fiquei feliz porque nós, brasileiros, conseguimos pronunciar o R do francês, do inglês e do espanhol, além do nosso próprio.

Depois do parque caminhamos um pouco na beira do Rhône e o Damien ia embora para Nancy e o Thomas para a cidade dele que é perto de Toulouse. O Fabrice, que foi o único que restou em Lyon, foi também o único que nem me deu muita ideia, então voltei à estaca zero e continuo sem amigos.

Na segunda eu decidi começar minha procura por emprego e foi bem frustrante quando fui perguntar na administração da escola se eles sabiam de alguma vaga e a mulher me falou que não, e que ia ser bem difícil arrumar emprego aqui, porque Lyon não é uma cidade aberta como Londres ou sei lá o que. A verdade é que ninguém na escola trabalha. A maioria vai ficar no máximo 3 meses e quem vai ficar mais tem família rica e não precisa se preocupar com isso. Nesse dia eu saí andando pela cidade, pra ver os bares e cafés e também para pensar um pouco no que fazer. Cheguei em casa bem triste, com muita saudade do Brasil, me sentindo só, pensando que não foi uma boa ideia vir sem emprego e mais mil coisas do tipo.

A Genevieve chegou e viu que eu estava abatida, então ligou para a sobrinha dela que tem TV a cabo e perguntou se a gente podia assistir o Real Madri e Lyon lá. Depois disso sentei com ela no quarto e, enquanto ela assistiu um filme, eu dei um jeito nas minhas unhas.

Ontem eu continuei triste, principalmente porque voltou a fazer frio e o tempo tava bem fechado - e tempo feio sempre contribuiu pra me deixar triste. Depois da aula voltei pra casa bem rápido, para ir com a Genevieve no lugar onde pede auxílio moradia. Fomos lá e descobrimos que faz tudo pela internet e que precisa de uma conta no banco, então vou abrir uma hoje. Voltei para casa de novo e tava com um sono sem explicação. Mas não dormi, fui olhar preço de computador e descobri que aqui não se divide nada no cartão de crédito, só no cheque - olha que atraso de vida. Depois entrei no site do MC Donald's francês e preenchi um cadastro para pleitear vaga de emprego.

A noite fomos assistir o jogo numa outra colina - a cidade tem duas e eu moro em uma delas - que chama Croix Russe, onde mora a sobrinha da Genevieve com o marido e três filhos, uma menina de 9, um menino de 11 e uma bebe de 6 meses. A familia era muito simpática e o menino e a menina estavam vestidos com camisas da seleção brasileira. O marido dela conhece o Brasil e já ouviu falar de BH e disse que o Cruzeiro é um time importante - e ele sabia inclusive que tinha sido o primeiro time do Ronaldo fenômeno. A partida foi bem mais ou menos, acabou em 1X1 e eu fiquei feliz de não ter pagado 40 euros para ir ao estádio, porque além de tudo ontem a noite fez muito frio e choveu.

Ontem eu vi que realmente é comum aqui as casas não terem lâmpada no teto - apenas abajours espalhados por todos os cantos - e não ter lixeira no toalete - não sei se já expliquei, mas aqui a 'sala de banho' é separada do lugar onde tem a privada, que é o toalete. Como sempre, tomei vinho e comi queijo, tudo muito gostoso. A menina de 9 anos gostou muito de mim e me fez um desenho, por isso se nada der certo eu vou fazer 'garde d'enfants', que é tipo au pair, mas só algumas horas por dia, sem morar com as crianças.

Hoje vou assistir um espetáculo de dança com a outra brasileira e talvez duas alemãs. Para menores de 26 anos, o ingresso custa 8 euros - é muito bom ser jovem e estudante aqui.

Na aula essa semana não chegou ninguém novo. Somos duas brasileiras, duas holandesas - uma delas só terça e quinta, porque ela é au pair -, uma alemã, uma russa e uma colombiana. É legal quando tem menos gente na sala, porque ai a gente pode ficar falando de como são as coisas em cada país. Como hoje, por exemplo, que o tema da aula era humor, eu descobri que francês e holandeses riem dos belgas, como a gente ri dos portugueses, e alemães riem dos suíços.

Por enquanto é só, não se preocupem porque hoje voltei a ficar otimista. Vou a um resturante brasileiro pedir umas dicas de como procurar emprego e até mesmo ver se eles não precisam de alguém para trabalhar lá. No fim de semana vou para a casa de campanha da irmã de Genevieve, comemorar o aniversário da Delphine, que eu conheci ontem por causa do jogo. Fica a 1h30 de carro daqui e pertinho da Suiça.

Beijos e à bientôt.

P.s.: a segunda leva de postais será enviada no máximo amanhã.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entrée, plat principal et dessert

De perto é so um tanto de pincelada. De um passo para tras e fica lindo!


Antes de começar a contar minhas aventuras do fim de semana, preciso fazer uma observaçao: os franceses, pelo menos os daqui de Lyon, nao sao exatamente o tipo de europeu que a gente tem na cabeça. Eles nao chegam a ser como nos, que chegam 3 horas depois do combinado, mas tambem nao sao tao pontuais. Eles fazem muita bainagem no transito quando nao tem ninguem olhando e falam ao celular quando dirigem (sem contar que eles tambem dirigem bebados de vez em quando). As ruas sao bem mais limpas, mas de vez em quando tem algum lixo na rua. E por ai vai.

Agora voilà, o fim de semana. Sexta depois da aula fui passear na beira do Rhône. O rio tem uma agua muito limpa, que chega a ser verde de longe, e tem alguns cisnes de vez em quando. Nao é um rio navegavel, mas tem barcos de gente que mora neles e outros que sao bares ou restaurantes, e tem espaços tipo playground, pista de skate e umas cadeiras de praia.

A noite fui num bar com o Thomas e a Juliana, que é minha colega brasileira. Era um bar latino, onde acontecem aulas de salsa. As alemas falaram que iam, mas nem apareceram. La começava às 19h e chegamos la pelas 21h30. Foi muito bom o Thomas ter ido, porque assim nao pudemos falar portugues o tempo todo. Eu estava cansada e o ultimo onibus passa meia noite, entao foi o horario que voltei. Nao sei se é o preço normal, mas o chop grande custava 4,50.

No sabado Genevieve (descobri que a escola tinha me mandado o nome dela errado, é GenEvieve e nao GenOvieve como eu pensava) tinha uma festa de aniversario que ia durar o dia inteiro, entao fui almoçar na Lucile, que mora no mesmo condominio que a gente. Eu achava que era coisa de livro de francês ou jantar chique, mas aqui realmente sempre tem a entrada, o prato principal, o queijo e a sobremesa. De entrada tinha uns abacates bem pequenos (do tamanho de um ovo) com umas coisas tipo kani temperadas com limao. Bem gostoso. De prato principal, arroz e coelho. A textura lembra figado de boi, mas o gosto é bem melhor. De sobremesa comi um creme com calda de laranja.

A tarde fui ao museu de Belas Artes. Gigante. No primeiro andar tem um jardim e dentro um salao com varias estatuas, inclusive varias do Rodin. Tinha um mini "o pensador" que, imagino eu, deve ser servido de estudo pra fazer o grande. (Nao lembro se ja comentei, mas estudantes com menos de 26 anos nao pagam pra entrar em nenhum museu de Lyon). Depois a galeria do impressionismo no segundo andar era impressionante (com o perdao do trocadilho). Monet, Manet, Renoir, Degas... Tudo bem de perto, dum jeito que da pra observar cada detalhe. Supér. Ainda tem as salas de arte do século XX, com muito Picasso, Chagal, um Miro, entre outros. Mais 20 mil salas de pintura medieval divididas por pais e mais 50 salas de antiguidades, desde armadura medieval a pote de ceramica e sarcofago do egito.

Cheguei meio tarde, entao passei bem rapido em algumas sessoes. Pretendo voltar em breve, mas ainda tem varios outros museus pra conhecer tambem. Depois do passeio tomei um café com creme que veio com um macaron (finalmente comi isso). Trata_se um docinho redondinho tipo um suspiro recheado, mas muito bom.

Depois do museu voltei pra casa e, quando contei pra Genevieve que eu ia jantar com os meus amigos ela ficou super feliz, porque ela nem gosta muito de comer. Fomos a um restaurante tipicamente lionês. Além do Thomas e do Fabrice, conheci o Damien, que é amigo dos dois e mora em Nancy (e me convidou para ir la). Os tres muito simpaticos e agradaveis. Novamente tinha entrada, prato principal e sobremesa. No fim eu ja nem aguentava comer e a unica coisa que entendi a garçonete falando foi: crème caramel que, na verdade, nada mais é do que pudim de leite.

Me diverti e ri muito com os meninos, mas no fim eu fiquei meio irritada, porque nao consigo falar tudo que eu quero e tem hora que nao entendo o que eles falam (principalmente porque eles tem a minha idade e falam muita giria). Eu sei, eu vou aprender, eu vou conseguir entender, mas as vezes enche o saco. A gente aprende na escola a falar "je suis" e na verdade eles falam "chui" (ate eu falo assim agora). Dai tem hora que so entendo "chui chui chua chui" e fico irritada e sinto uma vontade tremenda de falar portugues desvairadamente. Peguei os onibus de meia noite e, chegando em casa, refleti e achei que talvez fosse TPM, mas ainda nao tenho certeza disso.

Domingo fica pro proximo post.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Frommage

Imagine 5 vezes mais queijo... Vive la France.

Quinta-feira, 17 de fevereiro. Acordei 7 horas da manhã e fazia 1 grau do lado de fora. Preguiça gigante de levantar da cama, mas lá fui eu. Genovieve tinha reclamado que eu era mau-humorada de manhã - eu sempre soube disso, mas tadinha, ela não tava acostumada -, então resolvi acordar antes dela pra tomar banho e conseguir sorrir. Na aula, descobri que aqui eles falam Arri Potér - o maldito accent français, demorei dois dias pra falar explicar para Genovieve o que era wi fi porque aqui eles dizem uí fí. Enfim. Minha colega russa disse que lá eles falam "Gari Póter".

Depois da aula almocei com o Thomas. Nos restaurantes não têm cardápio, fica tudo escrito na parede. Eu não sabia o que era nada, então falei com ele: o que você pedir eu peço também. E vem um bife bem gostoso com batata e cenouro. Custou 12 euros. Pas trop cher - não tão caro, já que eles não têm nenhuma palavara para "barato", mas é melhor continuar almoçando na padaria. Depois fomos ao correio. Eu tinha que mandar uma carta pro office e imigração e os cartões postais. Dai fui num balcão lá que tava vazio e fiquei achando que eu tinha furado a fila, mas como ninguém reclamou e ela já tinha me atendido, continuei lá. Então ela me deu 10 selos e eu perguntei: o que faço com isso. Ela falou: você cola. E eu: sim, mas como. Daí ela me explicou que eu tinha que lamber, então eu lambi 10 selos e vocês vão receber um postal lambido por mim...

Depois vim pra escola usar o computador, mas tavam todos ocupados. Então fui para casa e a Genovieve me chamou pra ir ao Carrefour. Foi uma experiência fantástica. Eu parecia uma criança indo ao shopping pela primeira vez. Vocês não fazem ideia da quantidade de queijo que eles têm aqui. De todas cores, formatos, tamanhos... Tem um espaço enorme no supemercado só para queijo e muitas, mas muitas prateleiras de vinho. Além dumas linguiças esquisistas e outras coisas. No meio disso tudo achei um pacotão de twix - o chocolate - por 2,79. Deve vir tipo uns 12 twix do grande... Muito barato. Além disso comprei umas blusas de manga comprida e uma mochilinha, cada um por 4 euros - barato também.

Como eu expliquei, para francês não tem essa coisa de: nuh, eh super barato. Tudo deles é: "pas cher", "pas mal"... E quando você se embanana, eles falam "pas grave". Em frente ao carrefour tinha uma loja de maquiagem e perfume onde vendia Chanel, Dior e Lâncome. Não, essas coisas não são baratas aqui... Um rímel ou um gloss custam uns 20 euros, os mais baratos, e um pó compacto uns 40 euros... Não é tão caro, mas fiquei triste porque achei que ia ser baratinho. A Genovieve compou Hagen Das - o sorvete, não sei como escreve - para eu experimentar. Uma caixa com 5 potinhos custou 5 euros.

De noite fomos jantar na casa da amiga dela, que é muito rica e mora quase num castelo - a casa é construção do século 12. Essa amiga está com uma americana em casa e a americana convidou mais três amigos. A casa tem um jardim enorme, que vai da colina até a beira do rio. Tem também piscina e várias salas grandes. O jantar foi uma carne de porco com arroz. Não estava muito bom, mas o vinho tinto era maravilhoso. A família dona da casa é da região de Bordeaux e o vinho também era de lá. Superbe. Depois do jantar comemos queijo - eles sempre comem queijo após a refeição. O que a gente comeu é de passar no pão, mas não chega a ser um requeijão. Depois teve a sobremesa: um bolo estilo petit gateau, mas sem sorvete com creme inglês - o creme eu não gostei muito. Depois os americanos ainda tomaram chá, mas eu só fiquei lá conversando com eles.

Cheguei em casa tarde e hoje cheguei uns 5 minutos atrasada na aula. Pas grave, como eles diriam. Thomas veio almoçar comigo de novo, mas hoje fomos à padaria. Comi uma baguete deliciosa, com queijo - claro - e presunto, que eles chamam de jambom e é bem mais gostoso que o Brasil.

Bom, acho que em uma semana meu francês melhorou bastante, pelo menos eu consigo entender melhor o que eles falam e consigo até ver televisão. Na aula de preposição eu não errei quase nada e fui a que tive menos erros na sala. Também já estou mais acostumada com o horário e o frio. Resolvi ficar com a Genovieve pelos seis meses, porque ela vai me fazer um preço mais barato, sem o jantar incluido - daí compro as coisas no supermercado e me ajeito sozinha com a comida. Mês que vem vou pagar 25,6 e poder pegar o tanto de metrô e trem que quiser - ai cada mês tenho que pagar esse valor de novo. Também vou pedir um auxílio moradia, porque aqui todos os estudantes têm esse direito.

Hoje acho que vou sair com o pessoal da escola e amanhã pretendo visitar o museu de belas artes, que é o segundo maior da frança - só perde para o Louvre. Semana que vem vou procurar um emprego de verdade.

Sempre têm coisas que reparo aqui que são bem diferentes, mas é tanta coisa para conta que eu esqueço, então se alguém tiver dúvidas sobre mitos acerca dos franceses, me pergunte que um dia vou fazer um post só sobre isso. Beijos e à bientôt.

Miss Catastrophe

Depois das compras, fui pra aula vestida assim

Donc, mil coisas pra contar e pouco tempo pra ficar na frente do computador - ainda bem. Hoje estou num teclado que não tem parenteses e exclamação, mesmo configurado como brasileiro, vamos ver como isso vai funcionar...

Como contei no último post, comprei casacos e uma bota. Um dos casacos eu achei por 30 euros, ou seja, super barato. O outro foi mais caro, mas é bem pesado e quente. Na hora de comprar a bota, a vendedora perguntou qual era o meu numero e eu pensei: otima pergunta. Depois descobri que calço 38,5 aqui. A bota vai até o joelho e é de couro - não de material sintético - italiano. Não foi baratinha, mas o preço tava ótimo pro tipo de material.

Depois das compras, passei em casa e fui para um passeio da escola, pela região da presqu'ile. Mais uma vez, só tinha mulher - acho que não tem muitos homens que estudam francês, não sei porque... Nossa guia turística nos mostrou o Hotell de Ville, que na verdade é a prefeitura da cidade. Um prédio imenso construído pelo mesmo arquiteto do Palácio de Versalhes. Ela disse que antigamente Lyon era mais importante que Paris mas que, como os reis vinham do norte do país, mudaram a capital para lá.

Agora eu sei qual rio é o Rhône e qual é o Saone. No Rhône não dá pra navegar, então os barcos que têm lá são das pessoas que moram neles. O Sône é menos largo e tem a água mais barrenta. Além disso, na beirada de um as casas são todas brancas e na beirada do outro são todas amarelas e rosas, no estilo italiano. Outra coisa que vale destacar do passeio é que tem uma praça aqui, a Bellecour, onde tem uma estátua do Louis XIV que foi o próprio que mandou construir. Quando paramos em frente, a guia resmungou qualquer coisa como: esse homem doido, não gosto dele...

Na quarta eu um comprei um chip pro celular. Funciona assim: 55 centavos pra qualquer ligação - fixo, outras operadoras, o que seja - e 10 centavos pra qualquer mensagem. Não dá pra entrar na internet, mas tem wi fi por todos os cantos... Nesse mesmo dia, minha professora me deu o simpático apelido de "miss catastrophe", porque toda hora eu deixo minha caneta, meu caderno, ou qualquer coisa cair no chão e vivo esbarrando nas coisas ou mesmo derrubando tudo. Dai eu refleti bem e vi que isso era porque eu tinha que carregar o casaco - dentro da escola é quente, a bolsa, o dicionário, a garrafinha d'água... Então fui à papelaria e comprei uma pasta pra me organizar. Aproveitei e comprei cartões postais.

Ainda nesse dia, resolvi almoçar no Mc Donald's pra ver como era. O McChicken é igual ao brasileiro, mas tem sanduíches com queijo... O suco é menor e a única opção é laranja. Sentei do lado de fora, porque tinha um pouquinho de sol e umas crianças vieram me pedir dinheiro. Falei que não tinha e um menininho perguntou: e as fritas. Ai joguei metade na caixa do sanduiche e dei pra ele. Nisso uma mulher sentada na mesa em frente veio me parabenizar pelo gesto. Falei com ela que eu era brasileira e achava que aqui não tinha crianças pedindo dinheiro na rua. E então ela respondeu: "ah, ce sont les romanies"... A Genovieve já tinha me falado, todo mendigo francês é romeno... E no McDô, se você abre a bolsa pra pegar moeda eles roubam seu celular - ainda bem que dei só comida. Já quando você diz que é brasileira todo mundo acha super legal e quer falar com você...

Continuando no mesmo dia, quando cheguei em casa a Genovieve não estava, ai eu ia dormir um pouco, mas ela chegou com um rapaz mais ou menos da minha idade e me falou que era o filho da afilhada dela, que tinha acabado de chegar de Toulouse e tinha vindo visitar um amigo. Ela foi mostrar para ele a vieux Lyon e eu fui junto e depois tomamos um chocolate quente. O rapaz chama Thomas - Thomá - e é muito gente boa, e o amigo dele é o Fabrice, que eu conheci bem rapidamente. Domingo eles vão almoçar lá em casa e eu vou cozinhar... O Thomas sofreu um acidente quando tinha 11 anos - foi atropelado e ficou em coma 15 dias - então ele tem as pernas tortas e uma mão que não mexe. Mas ele se vira super bem. O Fabrice também é de Toulouse, mas veio para Lyon para estudar.

Tenho mais coisa pra contar ainda, mas vou fazer outro post pra não ficar tão cansativo. À Bientôt.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Maladroite

Tirei essa foto com o iphone, dentro do ônibus vindo pra escola.
Não tenho certeza de qual é esse rio, mas ele é lindo e cheio de pássaros dentro da água...


Hoje eu não estou exatamente feliz, mas pelo menos eu consegui configurar o teclado pra português e talvez consiga escrever mais. Não mencionei ontem, mas minha casa é de carpete e cheia de tapetes e a Genovieve fuma (mas agora só dentro do quarto, com a porta fechada). Então no domingo acordei tossindo muito e conversei com ela sobre a minha alergia e pedi pra ela tirar os tapetes do meu quarto, ela falou que tudo bem e que iria pegar o aspirador de uma amiga emprestado e limpar o carpete. Ela ia fazer isso ontem, só que minhas coisas ainda estavam todas jogadas por todos os cantos, então ela não conseguiu. Por isso cheguei em casa já quase de noite (porque eu fiquei andando aqui perto da escola pra ver as coisas) e fui direto desfazer as malas e colocar as coisas no guarda-roupa. Depois jantei ratatouille (amo a comida francesa!), entrei no skype e fui dormir quase meia noite no horário local (um pouco de progresso já que antes eu tinha dormido às 3, mas se eu tivesse deitado mais cedo seria melhor).

Mas o fato foi que hoje o despertador tocou, eu desliguei ele e dormi de novo. Ainda bem que a Genovieve foi lá me acordar, mas isso já era 7h30 e eu precisava pegar o ônibus de 8h. Tomei um banho correndo e peguei o pão do café da manhã e uma maçã e pus na bolsa. Peguei o ônibus, desci no metrô e, peguei a direção errada! (Que novidade eu me perder por aí). Dai tive que gastar outro bilhete pra voltar e no meio do caminho pisei no meu fone de ouvido e parti ele em dois. Mais tarde na escola, a outra brasileira me contou que eu poderia ter usado o mesmo bilhete pra voltar - pelo menos agora eu sei.

Na escola não tem copo plástico, então todos têm que trazer sua garrafa de água, mas claro que esqueci a minha! Na aula eu tava tão mal humorada que até a professora percebeu (já que ontem eu era a pessoa que mais falava). Falei pra ela que era o jet lag, que no Brasil estava 37 graus e aqui está 8, que tem o fuso horário, essas coisas. Depois eu fui melhorando e acho que agora tô mais ou menos normal.
Como a aula acaba sempre 13h, eu agora almoço na padaria e janto em casa. A padaria é aqui pertinho da escola, é bem pequena, mas tudo que tem lá é ótimo. Aliás, sério, tudo que é comida na França é ótimo! Hoje comi uma baguete com queijo e tomate e uma coisa doce com framboesa. O cara da padaria é bem simpático (sem segundas intenções), como todo mundo que eu encontro pelo caminho por aqui. Os franceses são sempre muito educados, sorriem pra você, te dão as informações numa boa, enfim, gosto deles.
A escola é no bairro mais chique de Lyon e todas as lojas aqui perto são bem caras, mas na padaria as coisas (grandes) custam entre 1 e 3 euros, então nem acho caro. Na hora do almoço o hall fica cheio de estudantes, todos falando em inglês. Ainda não tenho muitos amigos, então almocei sozinha. Aqui não é como no Brasil que você conhece mais três pessoas e já combina de ir pro bar mais próximo confraternizar. As pessoas vêm em grupos e permanecem em grupos, mas eu ainda vou me enturmar. Da América Latina parece que só tem eu e a outra brasileira e mais vários colombianos.

Falando nisso, uma colombiana da minha sala (esqueci de mencionar que só tem mulher na minha sala) chamou pra ir num jogo do Real Madri e Lyon na próxima terça. Eu super empolguei, mas o ingresso custa 40 euros, então vou pensar um pouco mais, mas acho que eu vou, afinal de contas, quado na minha vida eu vou ter outra chance de ver o Real Madri?
Hoje a tarde vai ter um passeio da escola (gratuito) numa parte da cidade que eles chamam de presqu'ile (quase ilha, porque fica entre os rios Rhône e Saône - lê-se sône), é às 17h30 e eu já me inscrevi pra particiar. Antes disso, vou comprar um chip pro iphone, com um número daqui e vou aproveitar o último dia de solde (liquidação) pra comprar um casaco e umas botas.

Espero estar mais feliz amanhã.
beijos a todos.


Nessa hora ainda estava um pouco escuro, mas o ceu é quase sempre assim...

p.s.: A única coisa que não é bonita em Lyon é o ceu. De dia não tem nuvens e de noite não tem estrelas. Dizem que a cidade é bem poluída e esses dias o tempo anda bem cinza (ontem choveu e eu não tinha guarda-chuva, hoje eu trouxe guarda-chuva e não choveu, mas está mais frio).
P.s.: Genovieve me chama de Coco, igual a Coco Chanel - é um jeito carinhoso de tratar alguém, igual meu xuxu no Brasil, sei lá...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

First impressions of France



O mais dificil de manter um blog aqui na frança é que o teclado é bem diferente e por isso demoro muito tempo para escrever. Mas tenho que começar de algum lugar, entao vamos la. Cheguei aqui no sabado a noite, o voo ate Lisboa foi bem tranquilo, mas nao dormi nada, porque a cadeira era extremamente desconfortavel, como quluer cadeira de aviao. De Lisboa para Lyon tambem foi muito tranquilo e eu vi os alpes franceses por baixo das nuvens, que é uma coisa maravilhosa de se ver. (Nesse ponto alguém pode perguntar porque acentuo o E e nao as outras palavras, mas é porque no teclado tem uma tecla que é o E ja acentuado).

Chegando em Lyon, ja tive um pequeno contratempo: minha mala maior nao chegou e eu praticamente nao tinha roupas. Falei com o setor responsavel no aeroporto e eles disseram que entregariam na minha casa. Depois disso, comprei um cartao telefonico para avisar a Genovieve (host) que eu ia atrasar. Dai peguei o trem ate o centro e ela me buscou de carro. A cidade a noite é linda! A casa dela é numa village que se chama Sainte Foy (Santa Fé). De carro sao 10 minutos do centro, para vir para a escola preciso pegar um onibus e o metro, mas um bilhete paga os dois (e eu ainda pago menos porque sou estudante), e eu chego em 20 minutos na escola. Comprei um cartao com 10 unidades que custou 12,20 euros.

De sabado pra domingo eu acordei meio dia no horario local. Fui direto almocar (peixe com batata, muito gostoso), o pessoal do aeroporto entregou a mala, eu me troquei e fomos passear. Lyon é uma cidade maravilhosa, foi fundada no ano 40 a.C., entao tem coisas bem velhas de pedra pra gente ver, como um legitimo teatro romano. Mais tarde fomos ao cinema com amigos dela (ver um filme em ingles, pois eu nao entenderia em frances _ so entendo bem quando falam diretamente comigo). Ela pagou o ingresso e todas as coisas do passeio. A noite comemos salame e salaminho (eu comi com pao e ela comeu puro). Nao importa o que seja a refeicao, ela sempre me oferece queijo (coisa de frances).

Nao dormi nada essa noite por causa do fuso horario. Hoje a Genovieve me trouxe na escola pra eu aprender o caminho. Ela é realmente muito legal, mas ela acha engraçado eu escovar os dentes apos cada refeiçao... Gostei bastante da escola, eles tem varias atividades culturais e sao bem organizados. Tem muitos alemaes, alguns orientais e, claro, na minha sala tem uma brasileira. Conversamos um pouco, mas eu fiquei mais amiga de uma alema que morou tres anos no Brasil. A aula foi puxada, mas acho que isso é bom. Tenho muito mais coisa pra contar, mas é realmente dificil com esse teclado, entao depois eu continuo. Ainda estou me acostumando com tudo, mas estou realmente amando estar aqui.

Sobre os alpes, eles sao perto daqui. Genovieve disse que tem um onibus que passa perto de casa todo domingo e leva pra equiar e volta no mesmo dia, estou tentando angariar interessados aqui na escola e dizem que vai nevar essa semana...

Agora ha pouco fui no supermercado com minha "amiga" alema e descobri que eles cobram pelas sacolas plasticas... Na minha casa nao tem lampada no teto, mas tem abajours em todos os cantos. Essa semana ainda vou ficar tranquila, pra adaptar com as coisas todas, mas acho aue semana que vem jq comeco a procurar emprego. Por enquanto é so.