Rhône sexta à noite e sábado à tarde: diversão pra toda a família
Eu poderia dizer que estive muito ocupada semana passada, que o fim de semana foi agitado, ou que as cinzas do vulcão inslandês já chegaram na França e por isso eu sumi, mas eu assumo: não escrevi por pura preguiça. Se bem que não posso dizer que a semana foi improdutiva, afinal eu mantive a dieta, saí para correr no parque todos os dias e fiz todos os deveres de casa da escola.
Essa semana também começa cheia de novidades: arrumei mais um emprego, fiz minha inscriçao para o Delf (um exame oficial do governo para atestar seu nível de francês) e mudei temporariamente para a sala (de casa) enquanto trocamos o carpete do meu quarto por uma imitação de tábua corrida.
Genevieve resolveu fazer essa graça, primeiro, por causa da minha alergia (depois que eu cheguei meu quarto nunca mais soube o que era tapete e o carpete recebe semanalmente os cuidados do senhor aspirador de pó), mas também porque ela quer vender o apartamento, num sistema muito estranho que nunca ouvi falar no Brasil - quando a pessoa fica mais velha ela coloca o apartamento à venda e quem compra só paga até ela morrer (ai o sujeito que entra nessa empreitada bizarra, obviamente, tem que dar a sorte de não pegar um Oscar Niemeyer da vida).
O emprego novo é como babá dos dois meninos que eu já andei cuidando como baby-sitter. Não lembro se foi quarta ou quinta, a mãe deles me ligou desesperada porque a antiga "nounou"(pronúncia: nunu) tinha largado o emprego do dia para a noite. Expliquei que eu trabalhava numa brasserie até 15h, mas depois disso estava livre. Ontem fizemos uma pequena reunião e acertamos que vou ficar com eles das 16h45 às 19h30, segunda, terça, quinta e sexta (quarta não tem escola e a mãe tira o dia para ficar com eles). Vou buscá-los no playground do prédio, brincar mais um pouco em casa, dar banho e fazer um jantar. Eles são fofos e a gente se entende bem, então acho que vai dar certo. Além disso, vou conseguir juntar mais dinheiro pra fazer um pequeno tour pela Europa em agosto com o Thibaut (ainda vamos definir roteiros e ver se vamos de trem e avião ou se alugamos um carro).
Já o Delf é exigido por todas as universidades quando você é estrangeiro, mas serve também para o trabalho e várias outras coisas, afinal, é uma prova concreta do seu nível de francês. O exame escrito é no dia 15 de junho, das 9h às 12h e a parte de expressão oral no dia 16, das 16h10 às 17h. Pedi para fazer de manhã, mas a mulher disse que nos dias 15 e 16 não tinha mais horário, então deixei, pois na semana seguinte receberei visitas ilustríssimas e me darei uma semana de folga da escola e do trabalho (na brasserie eu arrumei alguém pra ficar no meu lugar) e com a mãe das crianças ela já me disse que não tem problema.
Acho que ainda não comentei por aqui, mas minha mãe, minha avó, minha tia e uma das primas estão vindo "pras zoropa" passear. Elas chegam dia 18 em Lyon, um sábado. No dia 21, terça, bem cedinho, vamos para Roma e no dia seguinte à noite para Paris, onde ficaremos mais três dias. Mais empolgada que eu só a Genevieve, que cada dia faz mil planos, imaginando o que a gente vai comer, onde vai passear, qual vai ser o meio de transporte, a cor do táxi até o aeroporto, entre outras coisas.
Esse fim de semana o Thibaut não veio para Lyon, então sexta saí com a Juliana e a Amanda e voltei para casa às 6h da manhã. Fomos num barco-bar/boite e ficamos dançando até às 4h da manhã. No caminho de volta para casa começamos a discutir o caso Dominique Strauss-Khan (semana passada ninguém falava em outra coisa por aqui), emendamos numa avaliação dos governos Lula e finalizamos com uma listagem de pontos positivos e negativos do bolsa-família. Imaginem a cena: 4h da manhã, rua deserta e a gente discutindo sério. (Sim, a gente tinha bebido um pouquinho). Daí quando acabamos o papo-cabeça já eram mais de 4h30 da manhã... Fui andando até a praça Bellecour e chegando lá fiquei 40 minutos esperando pelo ônibus. Achei que encontraria Genevieve tomando café da manhã, mas ela ainda estava dormindo.
Sábado, lás pelas 15h, depois que todo mundo tinha acordado, fomos curtir o sol na beira do Rhône. Ficamos sentadas na grama conversando e de repente chegou um grupo de amigos com violão e sax e começou a tocar garopa de ipanema (não eram brasileiros). Ontem só fiquei em casa, assisti filme (em francês, claro) e falei com um tanto de gente que eu morro de saudade pelo skype.
No próximo fim de semana vou para Annecy, pois o Thibaut vai participar de uma espécie de maratona de 78 km (normal), subindo e descendo montanha. Dizem que a cidade é linda e tem um lago enorme. Se ninguém cair morto durante a corrida, acho que vai ser bem legal.
P.s.: descobri que minha nova professora já morou no Brasil e fala português. É bem útil quando a gente tem uma dúvida quem os outros franceses não entenderiam...
P.s. 2: o filme que assisti chama "La Cité de La Peur" e é muito engraçado! É bem antigo e cheio de piadas que só quem fala francês entende, mas acho que dá para rir também com legendas em português...