domingo, 31 de julho de 2011

Zurich

Minha ultima semana em Lyon foi melhor do que eu esperava. Alguns dias voltei pra casa direto do trabalho, para arrumar a mala, outros aproveitei pra passear. Quarta fui ao museu de arte contemporânea. Geralmente não gosto de arte contemporânea - quando isso significa pedaços de bonecas dentro duma caixa, arame emaranhado com bolinhas coloridas, etc. Mas para minha surpresa me deparei com uma exposição bem lúcida sobre a Índia, que valeu os 4 euros da entrada. Além disso, o museu fica numa parte da cidade chamada de cité internacional, onde fica a interpol e onde são realizados congressos e coisas do tipo. A arquitetura é um tanto quanto futurista, bem diferente do resto da cidade. Vale o passeio. Saindo do museu fui num piquenique da escola no parque (o tempo ainda estava nublado, mas não choveu) e de lá fui para um bar com umas colombianas e uma venezuelana. Tinha um bom tempo que eu não saía a noite, então foi bem divertido. Sexta peguei meu certificado na escola e fiz caipirinha para o pessoal na brasserie.

Ontem, enfim, acordei cedo e peguei meu trem rumo a Genebra, e de la para Zurique, onde escrevi este post, do iphone - enquanto esperava o trem para Munique. Adoro esse meio de transporte. De Genebra para Zurich ele passa por uma colina e a gente vê o lago Léman e a cidade inteira ao redor. Maravilhoso. 

Cheguei 13h e pouco, mas até descobrir onde era a saída da estação (tarefa não tão simples quando todas as placas são em alemão), arrumar um mapa e me situar (mais dificil ainda em se tratando de alguem que sofre de "estupidez geográfica absoluta"), cheguei no hostel 14h50. 

Antes andei um bocado, com uma mala, uma mochila e uma bolsinha e descobri que fui mais longe do que precisava. Voltei, achei a rua, o número 5, mas em vez de albergue tinha um restaurante italiano. Putz, caí num golpe - pensei. Fiz todas as reservas pelo mesmo site, o hostelword.com, "estou ferrada". Andei prum lado, pro outro, já estava entrando em desespero quando vi uma placa bem discreta escrito "hostel bieber". Ufa! A entrada era numa ruazinha lateral. Mas dai a porta não abria e não tinha interfone. "O hostel existia, mas fechou. Realmente, caí num golpe". Antes de me descabelar completamente, no entanto, um cara chegou, abriu a porta e começou a subir as escadas. A recepção fica no terceiro andar e embaixo é a cozinha do restaurante. Ufa de novo. 

Daí dei graças a Deus também de não ter chegado antes, pois o check-in era só a partir das 15h.   O lugar era apertado, feio, mas limpo. A localização era excelente, na parte velha da cidade, perto de todos os monumentos, bares e restaurantes. 

Troquei de blusa, lavei o rosto, ajeitei minhas coisas e saí para comer e passear. Ao contrário de Genebra, que é legalzinha, Zurique é fantástica. A parte velha, à margem direita do rio, é cheia de ruas estreitas, casas e prédios bonitinhos e super movimentada. A outra margem é puro luxo e glamour. Lojas caríssimas, hoteis a preços igualmente exorbitantes, dúzias de ferraris e BMW's estacionadas... Mas o principal meio de transporte lá são trenzinhos iguais aos bondinhos que existiam no Brasil. Em um deles tinha até um guardinha de uniforme e chapeuzinho.  

Fui à igreja Fraumünster, onde ficam os vitrais do Chagal (proibido tirar foto), ao Cabaret Voltaire (o berço do Dadaísmo), outras igrejas e ao museu Kunsthaus, só que cheguei lá às 17h30 e ele fechava às 18h. Vi algumas obras do lado de fora (inclusive um muro pintado pelo Miró), e depois fui andando meio sem rumo até a margem do rio. Sentei um pouco, depois voltei para perto do hostel, bebi um chá gelado no starbucks e voltei para tomar banho. 

No meu quarto tinham mais 5 mulheres. Só encontrei com elas à noite, e ninguém parecia muito a fim de conversar. O lado ruim de ter ficado exatamente no lugar mais agitado da cidade é que do lado de fora tinha um show de rock, numa praça a poucos passos do albergue. Só consegui dormir quando acabou. 

Hoje cedo as ruas estavam desertas e o starbucks era o único lugar aberto. 11 euros um muffin, uma água mineral e um café expresso. Bem vindo à Suiça. Estou na estação desde 11h, esperando o trem que sai às 13h16. Chego em Munique 17h28.  

Viajar sozinha tem o lado bom, mas é bem triste, principalmente no fim da tarde, quando você não aguenta mais andar e não tem com quem sentar pra tomar ou comer algo. Ainda me restam 19 dias e várias paisagens, museus e igrejas deslumbrantes. Desejem-me sorte!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

C'est bientôt la fin



Só me resta mais uma semana em Lyon. No próximo sábado pego um trem para Zurich, na Suíca, e de lá para Munique, depois Praga, Berlim, Amsterdã, Bruxelas e Londres. Daí volto para Lyon no dia 18 para fechar minha conta no banco e a mala, e no dia 20 às 6h da manhã respiro fundo e vou lá atravessar o oceano.

Assim sendo, meu plano para esse fim de semana era fazer um pouco de turismo, visitar uns museus que ainda não conheço, comprar pralines (amêndoas confeitadas), chocolates e vinhos e começar a arrumar as malas. Mas tem duas semanas seguidas que só chove nessa cidade (sério, não teve um dia sem chuva nesse tempo) e a temperatura registrada pelos termômetros não tem nada a ver com o que a gente espera do verão. Além disso, como no começo de julho começaram as férias escolares na Europa e no dia 14 o grande período de férias na França, a cidade está vazia, abandonada, uma tristeza só - o lado bom é que a semana inteira o movimento na Brasserie foi fraco e eu não fiquei morta de cansada de carregar pratos e mesas.

Ontem fui à Vieux Lyon fazer compras e de lá ia (re)visitar a Croix-Rousse - uma parte igualmente antiga da cidade, que fica numa colina e tem muitas coisas legais para ver, inclusive um segundo teatro romano, menor do o que fica em Fourvière. Só que antes de partir para a segunda parte do roteiro, fui à Praça Terreaux encontrar um ex-colega (da Lyon Bleu) suíço que veio passear em Lyon. Fomos almoçar e ficamos conversando um bom tempo, enquanto o mundo caía em água lá fora.

Ele se chama Jurg (iurg) e é uma das pessoas mais engraçadas que já conheci na vida. Fomos da mesma turma no comecinho do curso e ele veio no meu aniversário. Fiquei muito feliz em revê-lo, pois ele fez parte da turma mais legal que conheci em Lyon. Depois do almoço desisti de fazer turismo e vim para casa. Claro que nem encostei na minha mala, mas atualizei meu CV e criei um perfil no Linkedin, afinal, voltarei para o Brasil sem nem meio real no bolso.

Anteontem saindo do trabalho eu já tinha ido visitar a Croix-Rousse, mas o tempo estava igualmente feio e eu estava sem câmara fotográfica, logo tinha prometido para mim mesma voltar lá ontem. Hoje acordei com um sol lindão batendo na minha cara, mas ele já foi embora, então ainda não tenho programação, exceto um jantar na casa de uma amiga da Geneviève.

Durante a semana não fiz nada de muito empolgante, exceto ter ido assistir "Arrí Potér" (e ter descoberto que na França Hogwarts é chamada de Poudlard). Voltei de Paris e me encontrei sozinha em casa até quinta-feira, pois Geneviève estava na praia com uma amiga. Na escola, começou a temporada "vale a pena ver de novo". A semana inteira a professora só passou vídeos, exercícios e coisas que já tinha visto, daí na sexta, quando ele quis me dar o mesmo material de subjuntivo pela terceira vez eu apelei e fui na direção reclamar. Para minha surpresa, a coordenadora achou um absurdo o que eu contei e disse que ia chamar a professora no canto.

Em Paris também choveu o tempo todo, mas fiquei muito feliz de ver a Lívia. Fui super bem recebida pelo irmão da Geneviève e a esposa dele. Não vi o desfile do 14 de julho, pois cheguei lá a tarde (a passagem era bem mais barata), nem os fogos, porque os dois não moram exatamente em Paris, mas numa espécie de cidade satélite chamada Lozère (20 min de trem do centro). Na verdade trata-se de um bairro residencial que só tem casas e é bem bonitinho e tranquilo.

No primeiro dia fiquei rodando sem destino carregando minha mala para cima e para baixo, pois eles só estariam em casa a partir das 19h e eu havia chegado às 14h. No segundo dia acordei gripada e fui passear nos arredores da torre Eiffeil (porque minha mãe pediu para eu comprar 25 mini torres por 5 euros), depois fui ao museu da guerra (que é uma verdadeira aula de história, bem legal) e mais tarde voltei à torre para encontrar a Lívia, a prima dela e a amiga da prima. No terceiro dia fomos à Fontainebleu visitar um castelo - não tão exuberante como Versailles, mas bem bonito. No quarto dia levantei cedo para ir encontrá-las em casa, mas elas acordaram tarde, demoraram para arrumar e quando finalmente saímos achei mais prudente ir direto para a estação. Passei um pouco pelos arredores e percebi que Paris não é tão grande assim, mas é realmente uma cidades mais lindas do mundo.

Todos esses dias eu estava gripada, desanimada, debaixo de chuva e contando moedinhas na hora de almoçar. Acho que a Lívia ficou decepcionada com minha falta de empolgação, mas é porque ela não viu como eu estava bem pior antes de ir para lá. Não vou entrar em detalhes, mas depois que eu e o Thibaut terminamos, não nos encontramos para conversar ou pelo menos dizer "au revoir", então, obviamente, como eu sou feita de carne e osso e não de pedra, fiquei muito abatida com o fato de ir embora sabendo que talvez a gente nunca mais se veja.

Esse último mês aqui foi difícil, mas por incrível que pareça, vou embora com uma vontade imensa de voltar para enfim fazer meu mestrado em algo relacionado às ciências políticas. Vou fazer de tudo para ter uma bolsa e não precisar mais arrumar sub-empregos e acho que o ambiente universitário será muito mais favorável para a construção de amizades (o problema da escola de idiomas é que a maioria das pessoas fica pouco tempo ou vem em grupos). Além disso vou estudar algo que vai me empolgar e desafiar - por mais que eu ainda cometa erros com a língua, depois de um tempo estudando só francês percebi que realmente a gente precisa de objetivos mais ambiciosos na vida.

Tentarei dar notícias durante o tour, mas não posso prometer nada, exceto que este ainda não será meu último post.

À bientôt.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Da queda da bastilha à queda das bolsas

Praça da Bastilha em Paris: era uma vez uma prisão


14 de julho de 1789: uma população cansada de mandos e desmandos de reis que se diziam escolhidos por um poder divino para mandar e desmandar invade uma prisão, libera os 7 encarcerados políticos que ali estavam e sai pelas ruas gritando: liberté, égalité, fraternité. A história se chama revolução francesa e a prisão era a Bastilha. 222 anos depois, quem sai nas ruas de qualquer cidade francesa vê bandeiras azul-vermelho-brancas em todo lugar e tanques de guerra estacionados no lugar dos carros. Eis a "Fête Nacional" (festa nacional), celebrada cada meio de julho com desfile militar, fogos de artifício e bailes noturnos.

Em Lyon o evento principal é na beira do Saône e em Pais na Champs Elysées. Todo mundo empolga, sai na rua pra ver e diz que é lindo. Outros desfiles menores também acontecem, exceto quando o mundo resolve acabar em água como hoje.

Desde segunda-feira a cidade já está decorada para a data especial e hoje de manhã teria um pequeno desfile perto da escola, que foi cancelado por causa da chuva sem noção que cai desde ontem (pela primeira vez vi um bueiro transbordar nessa cidade - mas acho que nunca choverá a ponto de árvores caírem ou casas deslizarem). Quando saí da aula, vi uns 8 tanques de guerra enfileirados e soldados olhando pro céu meio sem esperança.

Como é feriado e eu não trabalho amanhã nem depois, resolvi ir à Paris, encontrar a Lívia, minha amiga de BH, que está de férias pela Europa. O irmão da Geneviève vai me alojar. Pena que o desfile na Champs Elysées começa de manhã e eu chego à tarde (o bilhete de trem era bem mais barato...). Espero pegar pelo menos os fogos de artifício. Depois postarei fotos, se a chuva deixar.

Mudando completamente de assunto, no último domingo fui para Genebra. Ida e volta por 30 euros, 2 horas de trem normal (sem sert TGV). Fui só para dizer que conheci a Suiça. Saí de casa com dor de garganta e estava chovendo, mas uma hora depois de chegar lá o sol saiu e eu até peguei uma cor. Segundo uma amiga minha, meus parâmetros estão muito elevados, mas não achei a cidade tão bonita assim. Lá tem um lago, vários bancos, 892 relojoarias (aliás, acho que são bem umas 1.347), um jato de água gigante dentro do lago e lojas de chocolate que fecham no domingo.

Descobri que na Suiça ainda se usa o franco suíço e não o euro (e se você pagar o chocolate em euro eles te dão o troco em moedas de franco), que tudo lá é caro, inclusive o Mcdô (quase o dobro do preço na França), que em Genebra não tem metrô e que os suíços são realmente lerdos como dizem os franceses - todo lugar tem fila, mas não porque tem muita gente como em Paris, mas porque os atendentes são todos retardados. Na ida e na volta passei pela Duana, mas não tinha ninguém querendo ver meu passporte...

Chegando lá peguei um mapa e fui andando por um lado do lago, debaixo do sol. Mais tarde, eu queria ir para o outro lado do lago, ver o prédio da ONU, mas não tinha mais forças, então fui tentar achar algum lugar menos caro para tomar algo e refrescar, mas esse lugar não existiu, logo fiquei andando meio sem rumo, esperando o tempo passar. Antes disso, eu estava andando tranquila pela beira do lago quando um velho português completamente avulso veio me perguntar se eu era brasileira e se eu queria tomar alguma coisa. Saí de perto, ele veio atrás, falei que tinha namorado, e ele foi embora. Sempre atraio uns tipos assim. Uma vez em Paris, indo à padaria às 10h da manhã, um louco avulso veio falar que eu era muito bonita e que a gente poderia tomar um café... 10h da manhã! Mas tirando isso, passei um dia inteiro sozinha e com o celular descarregado (mas ninguém ia me ligar mesmo...).

Ontem a Geneviève chegou com um pacote de Camarão pro jantar. Perguntei se eu poderia prepará-los e comecei a fazer um molho para estrogonofe. Então abri o pacote e vi que os bichinhos ainda estavam com rabo e cabeça e comecei a limpá-los. Fui chamar a Geneviève para me ajudar no processo e ela me disse que a gente comeria daquele jeito mesmo - tirando a cabeça e o rabo no próprio prato e passando na maionese. Ela insistiu que eles já estavam cozidos e então tentei explicar para ela pela décima vez que o conceito de "cozido" de um francês é bem diferente do nosso. Deixei metade dos camarões encabeçados para ela e fiz o estrogonofe com a outra metade. Ela perguntou se poderia experimentar, falei que sim, mas que já era pelo menos a quinta vez que eu fazia estrogonofe de camarão e que ela experimentava. Enfim, de vez em quando o jantar dela é um pedaço de presunto, ou uma coxa de frango. Elaborei uma teoria de que francês come carne crua porque não tem paciência de esperar cozinhar, pois as refeições deles já são demasiadamente longas com entrada, prato, queijo e sobremesa...

Por fim, ela veio comentar da situação na Itália e da crise europeia, acrescentando que ela só ouve falar que o Brasil e a Índia estão crescendo e desenvolvendo, enquanto a França só afunda. Tentei explicar mais uma vez que uma Europa em crise ainda tá valendo muito mais que um Brasil desenvolvido e que não adianta nada ser forte no cenário internacional quando não se tem tem escola gratuita de qualidade, meio de transporte decente, etc. Enfim, que os franceses reclamam de barriga cheia, pois eles não sabem o que é desigualdade social (eles insistem que isso existe por aqui, mas eu nunca vi criança pedindo dinheiro no sinal, por exemplo), não sabem o que é violência, tem um salário mínimo de mil euros, compram um carro zero por 8 mil euros, andam de metrô, ônibus, ônibus elétrico e trem por 50 euros mensais (ou 1,60 por bilhete que vale para todos esses meios por um hora, na mais cara das hipóteses) e comem um menu BigMac por 5,5. Pode até ser que um dia a França vire o caos e a miséria e o Brasil exemplo de desenvolvimento, mas até lá já vai ter alguém me chamando de vó.

É fato que as coisas estão melhorando para nós, mas até a Copa do Mundo ainda não teremos um metrô decente em BH, por exemplo. E claro que temos várias qualidades que eles não têm e que aqui eu também vejo mil coisas para botar defeito, mas fico irritada com essa história de "crise europeia". Ela existe, é fato, mas podem acreditar que as coisas desse lado de cá do oceano ainda estão longe de um cenário de catástrofe.

Mas enfim, volto a dar notícias na volta de Paris. À bientôt.

p.s.: continuo sem amigos, sem namorado e contando os dias para viajar, então estou tentando ocupar minha cabeça assistindo entrevistas na televisão sobre a situação econômica da Europa, reality shows de culinária e estudando a história da França.

sábado, 9 de julho de 2011

Do céu ao inferno em 21 dias

Entre tapas e beijos, uma família unida e ouriçada

Depois de quase um mês sem dar notícias, nem sei por onde começar...

Três dias depois do último post eu acordei, peguei o trem até o aeroporto e fiquei esperando um cabelo vermelho sair pela sala de desembarque ao meio dia. Até chorei quando isso aconteceu. Mãe, prima, tia, avó, uma sequência de abraços que trouxeram uma felicidade inexplicável. Cheios de malas (pois tinha também o marido da tia), pegamos o trem até o centro de Lyon, onde Geneviève nos esperava com uma amiga dona de um carro bem grande. Viemos para casa beber champagne e comer uns salgadinhos. Depois fui ao centro levar minha tia e o marido ao hotel - e bem nesse dia tinha uma parada gay e uma manifestação de motoqueiros na cidade, então voltei quase 3 horas depois. Finalmente, lá pelas 20h, quando todos tinham dormido um pouco, fomos a um Bouchon (pronúncia: buxôn), nome dado aos restaurantes típicos lioneses.

Ambiente agradável e familiar no coração da Vieux Lyon, o Laurencin oferece entrada, prato principal e sobremesa por 15 euros. Comemos até morrer: canut (quase um patê à base de queijo branco), quenelles (um quase souflê de peixe ou frango), sorvete de framboesa, cassis, profiteroles...

No dia seguinte fomos à Fourvière, descemos para o centro da cidade, almoçamos próximo ao hotel de Ville e de tarde fomos ao Museu Lumière (dos irmãos que inventaram o cinema). Segunda íamos ao Halles, mas descobrimos que é justamente o dia que ele fecha. Então compramos queijo e pão no supermercado e fomos fazer um piquenique no parque de La tête d'or (eu, minha prima e minha tia até andamos de bicicleta). De tarde fomos às compras e tentamos dormir cedo, pois no dia seguinte às 4h30 da manhã pegaríamos um táxi, para ir a estação pegar o trem para o aeroporto.

Chegamos lá antes de 6h da manhã, passamos por mil procedimentos de check-in e às 7 o avião decolou. Chegamos em Roma 8h30, mas até as malas chegarem, pegarmos o ônibus pro centro e enfrentar um engarrafamento horrível, chegamos no centro quase às 11h. Tomamos café e fomos para o hotel deixar as malas. Depois tentei ligar para o hotel em Lyon, pois minha mãe tinha esquecido a carteira (mais tarde descobrimos que tinha ficado ao lado do computador da Geneviève). Não consegui. Fomos almoçar, fizemos check-in no hotel, tomamos banho e lá pelas 3h da tarde pegamos um ônibus de turismo.

A cidade é ma-ra-vi-lho-sa! Mas é também uma bagunça e têm um trânsito pior que o de Manaus (pois os romanos ignoram a importância das placas e semáforos e parece que já se acostumaram a dirigir na base da busina). Descemos no Coliseo e depois andamos um bocado no Foro Romano. Mais tarde ainda fomos à Fontava di Trevi e ao Pantheon. Tudo isso sob um sol estilo nordeste brasileiro. De noite só pensávamos em dormir, só que o marido da minha tia, que pertence ao grupo social conhecido como "terceira idade", deu um jeito de se perder e causou um estresse danado no grupo.

No dia seguinte fizemos o check-out logo cedo e fomos ao Vaticano - e visitamos o museu do Vaticano e a capela sistina. Como eu já tinha comprado as entradas pela internet, "furamos"uma baita duma fila, mas isso não diminuiu em nada a sensação de sardinha enlatada lá dentro. A capela sistina foi uma decepção: é tanta gente que nem dá pra parar e ficar olhando pra cima - os seguranças ficam todos te xingando, mandando você sair logo.

Em seguida, com o ônibus de turismo, passamos pela Vila Borghesi e prometemos voltar à cidade e passar no mínimo mais uma semana, pois para todo lado que você olha tem um monumento, cada um mais fascinante que o outro. Os italianos não se parecem nada com os franceses, mas lembram os brasileiros: alguns são bem simpáticos e calorosos e outros bem mal-educados. Em volta do Coliseo tem umas 50 barraquinhas de sorvete, sombrinha, panini e vendedor de mini-coliseo. E dentro do museu do vaticano o que não falta é loja de souvenir. Na verdade, na cidade inteira tem quase um ambulante e dois brasileiros para cada turista. Também fiquei impressionada como as coisas são baratas por lá (para comer, pegar táxi, lojas...), e como a gente se vira super bem na Itália falando apenas português e italiano de novela.

Acabado o tour, fomos procurar o ônibus para voltar para o aeroporto. Correndo atrás dele, minha tia perdeu as rodinhas da mala (que segundo testemunhas foi comprada em uma famosa rede de supermercados do norte de Minas e já vinha apresentando problemas desde o início da viagem). Como a Itália está mais para Brasil que para França, tivemos que passar algumas horas esperando pelo vôo atrasado num aeroporto que na verdade era um galpão improvisado. Chegamos em Paris quase meia noite, pegamos um ônibus para o centro e um táxi até hotel.

No dia seguinte, acordamos um pouco mais tarde (lá pelas 9h), pegamos o metrô até a Notre Dame, andamos até o Louvre pela beira do Sena, vimos a Monalisa, almoçamos no Louvre, andamos pelo Jardim das Tuilleries até a Champs Elysés e depois toda a avenida até o Arco do Triunfo, com parada na fila do La Durée para comprar Macaron. Voltamos para o hotel e descansamos até a hora de subir na torre Eiffeil. O Thibaut saiu do trabalho e foi me encontrar no hotel para ir com a gente. Eu também tinha comprado as entradas pela internet, evitando assim mais uma fila desnecessária. Chegamos lá pouco antes das 22h, bem na hora do por-do-sol (isso mesmo, por-do-sol às 22h).

Descemos e ainda fomos a um restaurante lá perto jantar. Mais uma vez voltamos para o hotel exaustos. Acordamos e fomos para Versailles, mas dessa vez as entradas compradas pela internet não serviram para escapar de uma fila de quase uma hora. Lá dentro, tivemos a impressão de que todas as escolas de Paris resolveram fazer excursão exatamente naquele dia. Mais tarde fomos passear no jardim e sugeri ao pessoal de alugar um carrinho para fazer isso (afinal, estamos falando do jardim de Versailles). Para tanto, era preciso deixar a carteira de motorista como garantia e pagar na volta, mas minha tradução simultânea sofreu alguma falha técnica e minha prima quase perdeu o documento... Felizmente os seguranças do palácio foram ágeis e simpáticos e mesmo quando todo tinha mundo já tinha ido embora eles nos deixaram entrar de volta e ainda ligaram para o cara que cuidava dos carrinhos vir nos encontrar.

No último dia na cidade-luz fomos à Bastilha a pé e de lá pegamos um ônibus até o Pantheon (passando pela praça da Sorbonne). Almoçamos crepe e depois nos dividimos no grupo que queria fazer compras (tia, marido e prima), e no grupo que queria visitar o jardim de luxemburgo (eu, minha mãe e minha avó). Às 18h54 pegamos o TGV de volta para Lyon e novamente fomos ultra-mega-bem recepcionados pela Geneviève, que nos entupiu de comida, vinho e macarons.

Às 4h da manhã do dia seguinte, todo mundo foi atravessar o oceano e eu me vi sozinha mais uma vez. A viagem foi corrida, cansativa, mas deliciosa. Claro que brigamos várias vezes, por qualquer razão, mas acabamos sempre pedindo perdão. E eu, que sou a pessoa mais perdida do universo, me senti muito orgulhosa de mim mesma por ter atuado todos esses dias como guia e intérprete (ainda que algumas vezes eu tenha pegado o metrô pro lado errado...).

O que aconteceu nas duas semanas seguintes, no entanto, não é exatamente algo interessante a ser relatado. Eu e o Thibaut começamos a brigar e agora, além de não ter mais família nem amigas (everybody's gone), também não tenho mais namorado. Semana passada quase nem fui à aula e descobri que, definitivamente, não nasci para ser garçonete. Essa semana as crianças entraram de férias (a Europa inteira, na verdade), então meu período como babá acabou. Fui ao parque todos os dias andar de bicicleta e comprei passagens para fazer um tour por algumas capitais europeias no mês de agosto. Mas nada serviu para eu parar de contar os dias para voltar para o Brasil. 20 de agosto. Wish me luck!