domingo, 7 de agosto de 2011

Praga

No outro post eu contei que o metrô em Munique não tem catraca, mas que se a fiscalização chegar e você estiver sem bilhete a multa é de 40 euros. Em Praga é o mesmo esquema. Só que como a cidade é bem menor (ou pelo menos as atrações turísticas estão mais perto umas das outras), só usei o transporte público em três ocasiões: para ir da estação de trem ao hostel, para subir até a parte alta do parque e para voltar para a estação. O bilhete custa 32 coroas (mais ou menos €1,50). Paguei esse preço todas as 3 vezes, claro. 

Meu trem para Berlim saía hoje (domingo) às 8h31. Fiz check-out no hostel umas 7h40, mas fiquei um bom tempo rodando até descobrir onde era o ponto do bondinho até a estação, qual era o lado certo da rua para pegá-lo, etc. Isso com uma mala, uma mochila, uma bolsinha e um mapa na mão. Quase 8h10, quando finalmente descobri qual era o ponto certo e quando o bonde finalmente passou, percebi que tinha perdido meu bilhete (que deve ter caído no chão ali perto). Entrei mesmo assim, afinal domingo de manhã transporte público costuma ser escasso em qualquer parte do mundo. Justamente no ponto onde eu ia descer entrou um fiscal e a primeira pessoa para quem ele veio pedir o bilhete fui eu. Falei que tinha perdido e ele pediu meu passaporte e me disse que eu teria que pagar 700 coroas ou 70 euros. Mostrei para ele que tudo que eu tinha eram 200 coroas e ele disse que não tinha problema, pois tinha um caixa automático ali perto. Daí o fdp não pediu bilhete pra mais ninguém e foi andando comigo até a estação e, claro, foi super grosso e disse que se eu não quisesse pagar tudo bem, a gente ia direto para a polícia. 

Engraçado é que todas as outras vezes em que eu estava com o bilhete na mão ninguém veio olhar. E fiquei ainda com mais raiva porque eu já tinha pago as 32 coroas do bilhete perdido...

Como o valor da multa representa cerca de 60% do meu orçamento diário, vou tentar passar o resto do dia com 16 euros. Mas enfim, nesse ponto a pergunta já deve ser: 700 coroas, como assim? Pois é, a República Tcheca faz parte da União Europeia, mas não da zona euro e um euro vale aproximadamente 25 coroas. 

No dia que cheguei uma das primeiras coisas que fiz foi um saque de 1.000 coroas. Daí fui comprar um bilhete de metrô (nesse dia eu não perdi) e a máquina só aceitava moeda. Comprei uma água mineral por 17 coroas e a mulher quis me matar na hora de dar o troco. Mas enfim, peguei o metrô, um trem, me perdi um bocado a pé, mas cheguei, quase 16h.

Como adiantei no último post, dessa vez o albergue foi uma das melhores partes da viagem - e parecia mais um hotel. Para começar, a recepção é uma espécie de bar, mas um bar meio lounge, super bem decorado, tocando música boa o dia inteiro. Daí fiz o check-in e já me deram um mapa e explicaram tudo sem eu nem pedir (em Munique eu tive que comprar o mapa) e falaram que todo dia tinha um tour a pé de graça saindo dali mesmo. Então fui para o quarto - na hora de reservar fiquei com medo de pegar o quarto com 26 mulheres, mas lendo os comentários positivos de quem já tinha ficado lá resolvi arriscar. O lugar era espaçoso, as camas bem distribuídas (meu beliche dava de frente para uma parede e cada cama tinha uma cortina), um guarda volume bem grande embaixo de cada beliche, uma lâmpada para cada cama, travesseiro fofo, cama já arrumada e um banheiro já com secadores só para o quarto (em Munique eram 4 chuveiros para o corredor inteiro). No fim acabei tendo mais conforto e privacidade do que no quarto com 6 da cidade anterior, pagando apenas 9 euros por dia. 

Me instalei, tomei banho e subi para o bar para comer algo. Descobri que em Praga uma cerveja (500 ml) custa em média menos de 2 euros... Depois do lanche, feliz da vida, saí para andar sem rumo. Putz, que cidade ma-ra-vi-lho-sa! Todos os prédios parecem monumentos, eu queria tirar foto de tudo... Fui até a ponte Carlos (o endereço mais visitado da cidade) e na volta não resisti e comprei souvenirs para a família. 

Dia seguinte, 10h30, tour guiado a pé. O guia buscou a gente no hostel e levou até a praça central, onde fica o famoso relógio astronômico (bem menos boniti que o de Lyon). Escolhi a visita em inglês (a outra opção era espanhol) e de lá andamos 3 horas pela cidade velha, quarteirão judaico e por fim até a ponte. O guia era engraçado, então foi divertido, só que o de graça, na verdade, não significava exatamente gratuito, pois no fim todo mundo dá uma "gorjeta". Eu dei 100 coroas, porque era a menor nota que eu tinha. 

À tarde fui ao castelo, do outro lado da ponte, sozinha. O lugar é enorme mesmo como dizem. Visitei a igreja que demorou 600 anos para ser construída, a vila onde moravam os artesãos, e o castelo propriamente dito. Na volta para "casa" fui conferir os bonequinhos do relógio dançando (outra decepção, os de Munique são bem mais legais). Cheguei ao hostel lá pelas 20h (isso mesmo, eu andei quase 9 horas seguidas, só sentei uns 20 min para almoçar). 

Enquanto jantava um hamburguer no bar do albergue, comecei a conversar com o pessoal da mesa ao lado (australianos e americanos) e resolvi participar de um pub crawl. Custava 8 euros e começava ali mesmo, com algumas jarras de cerveja. De lá fomos para um bar estilo caverna, depois para uma boate e no terceiro voltei pro hostel porque já estava caindo de sono. Chegando lá ainda encontrei uns brasileiros tocando violão e fiquei conversando um pouquinho antes de ir dormir. 

No outro dia acordei tarde, saí pra almoçar e voltei pro hostel. Fiquei um bom tempo na sala comum, fazendo nada na internet, até que o sol saiu, lá pela 17h (antes só choveu, ficou nublado e húmido, mas não fez frio). Resolvi ir ao parque que fica na montanha e peguei o funicular (o trem que sobe morro). Não quis pagar 2 euros pra subir na micro imitação de torre eiffeil que eles têm lá, então deitei na grama para descansar ainda mais e depois desci a pé. Comi, arrumei a mala e dormi cedo. Acordei às 7h e o resto você já sabem. 

Ao contrário do alemão, achei o tcheco uma língua complicadíssima e fui embora sem nem conseguir pronunciar o nome das ruas. Ainda bem que achei várias pessoas que falam inglês (no hostel, nas lojas, nos restaurantes). Não comi comida tcheca e não sei dizer quem é nativo e quem é turista. Outra curiosidade é que tudo eles chamam de museu (por exemplo, eles juntam meia dúzia de coisas antigas e falam que é o museu da tortura medieval) e tudo, absolutamente tudo é pago, até pra entrar nas igrejas. Chegando lá a gente vê claramente que está em outra Europa, marcada não apenas pelos anos de capitalismo e influência soviética (o guia falava do comunismo como se fosse a idade média deles e do regime atual como a libertação para uma vida feliz). Mas também por uma história muito antiga e peculiar. Tudo isso por bons preços. Recomendo!

Um comentário:

  1. Funi-funi-funicular, funi-funi-funicular, la-lalá-lalá, funi-funi-funicular!

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