quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Berlim

Visitar Berlim é a melhor aula de história recente que qualquer pessoa pode ter. Uma história contada por ausências - "aqui tinha um muro, hoje não tem mais", ou "aqui tinha um palácio, que foi destruído, depois reformado e, no futuro, será reconstruído". Cerca de 80% da cidade (principalmente o centro) tinha virado pó ao fim da II Guerra. O que sobrou é uma cidade ainda em construção - com alguns grandes lotes vagos em pleno centro -, que faz questão de guardar seu passado e sem lamentar o tempo perdido se apressa na construção do futuro. Os prédios novos são erguidos em harmonia com o que restou, mas não copiam o que estava ali antes. A cidade simplesmente se reiventa. O passado é doloroso, mas o tempo perdido não volta. 

Ao contrário de Roma, por exemplo, onde também se respira história, tudo é muito recente. As feridas não cicatrizaram e a história que elas contam não têm hérois. Mas de todo esse sofrimento eis que surge um dos principais centros econômicos do mundo, uma cidade organizada, dinâmica, diversa. Berlim poderia se chamar Fênix, mas seu nome significa "pântano". Se a terra e o concreto não são tão firmes quanto parecem, a difefença certamente está nas pessoas. Sério? Frios? Um pouco. Ou bastante talvez. Mas também disciplinados, rigorosos - fortes. 

Berlim tem belíssimos prédios e praças, mas não é uma das cidades mais bonitas que conheci. A impressão que dá é que é preciso voltar daqui alguns anos, ou décadas, quem sabe, para descobrir qual será sua verdadeira cara. Os meios de transporte funcionam muito bem e o trânsito flui perfeitamente. Berlim é silenciosa. Tem restaurantes japoneses e italianos aos montes, mas poucos beergardens, pouca cara de alemanha. É mal de toda cidade grande, eu sei. Mas Berlim é realmente silenciosa. Suas ruas contam histórias. Não é como toda ou qualquer cidade grande. É Berlim. Só indo lá para entender. 

...

Cheguei na cidade domingo, no fim da tarde. Ruas desertas e tempo feio. Fiz check-in, comi, tomei banho e fui dar uma volta. 5 minutos e cheguei na Alexanderplatz, uma das principais, onde uma torre de TV com uma bola no meio faz as vezes de observatório. De um lado a prefeitura de tijolos vermelhos, do outro a catedral - protestante - de domo verde. No meio uma estátua de Marx e Engels. No caminho de volta pro hostel passei por uma feira ao ar livre e comprei frutas. Chegando lá, enquanto eu olhava emails no bar que serve de área comum (o hostel também era da rede St. Christopher, como em Praga), um cara de Israel puxou papo e tomamos uma duas cervejas. Subi pro quarto e descobri que a coleguinha, a Carol, era brasileira, (o quarto era para três, mas nesse dia éramos as únicas hóspedes). 

No dia seguinte saímos juntas para fazer o famoso tour grátis com gorjeta no final e nos juntamos a um casal de amigos dela. Foi bacana passear tendo com quem fazer comentários. Começamos no portão de Bradenburgo, passamos pela praça/monumento em homenagem às vítimas do holocausto, o lugar onde Hitler se escondeu (e que hoje é um estacionamento ao ar livre), o pedaço que restou do muro, o check-point Charlie, a catedral francesa, o museu da história alemã e finalmente chegamos à ilha de museus, onde fica a catedral protestante. 

Resolvemos fazer o tour em espanhol. Por mais bizarro que pareça, o guia era argentino... Ele não era tão engraçado quanto o de Praga e ficava lembrando o tempo todo da gorjeta no fim. Dei 5 euros. A maioria das pessoas deu 10. 

Mas bacana mesmo foi ter com quem sentar para comer no fim do dia. Depois ainda fomos à Tacheles, uma espécie de galeria de arte mega alternativa num prédio abandonado, e por fim voltamos a alguns dos monumentos para rever e tirar fotos com calma. De volta ao hostel, a Carol teve que mudar de quarto, pois só tinha reservado para um dia e depois resolveu ficar mais. Sem problemas, pois as duas novas coleguinhas eram? Brasileiras, claro! E outras duas no quarto ao lado também. 

No dia seguinte fomos todas visitar um campo de concentração em Orenionburg, a 40 minutos de trem, mas acabamos nos separando e fiquei novamente andando com a Carol e os amigos dela. Dessa vez o tour era pago antes, 12 euros. Pegamos um guia em inglês e foi bem mais fácil para entender. Apesar de obviamente triste, foi um dos passeios mais incríveis. Voltamos para Berlim, sentamos para comer salsichão com curry e beber cerveja. Depois fomos ao hostel pedir indicação de um beergarden e descobrimos ali perto uma rua bem legal de bares e coisas bonitinhas. Esqueci de mencionar antes que o tempo berlinense estava de tpm: em dois dias pegamos sol, chuva, vento e frio alternando entre si o dia inteiro. No beergarden, infelizmente, o sol não participou do rodízio, então voltamos para o hostel, mas nisso já era quase meia noite. Tomamos a última cerveja e fomos dormir. 

Hoje eu perdi meu trem, mas achei outro 40 minutos depois. Como vocês já sabem, não farei consumo de drogas em Amsterdã, mas prometo continuar me divertindo!

À bientôt!

Um comentário:

  1. Uma pergunta e um protesto:
    Como vc consegue se lembrar e escrever os nomes dos lugares que visitou?? Principalmente em alemão ou coisa que o valha! Mal lembro os nomes dos lugares que visitamos em Lyon e nem me arrisco a tentar escrevê-los... =P
    Por que nenhum destes posts, cujo nome é uma cidade pela qual passou, tem 1 fotozinha sequer?! Queremos fo-tos!! Queremos fo-tos!!!

    Beijo, mochileira! E volta logo. ^^

    ResponderExcluir