segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jura e o caso da bota

Pessoas queridas que têm paciência para ler o que escrevo aqui: desculpem o sumiço! Nem sempre o computador da escola esta disponivel e em casa posso usar o computador da Genevieve, mas ela dorme cedo... Mas esse problema esta prestes a acabar, pois vou comprar um computador que deve chegar em tres semanas (tentei comprar ontem, mas tive algum problema com o cartao. Acredito que resolverei isso hoje).

Bom, minha vida na França. Quarta, como comentei, fui assistir o espetaculo de dança com a Juliana e mais tres alemas. Era uma dança moderna e a cada momento parecia que os bailarinos iam quebrar todos os ossos do corpo, mas na verdade eles eram bem elasticos. Foi bonito no final. Nesse dia descobri que os europeus tem mania de aplaudir por um longo tempo, por isso os artistas têm que ficar voltando toda hora para agradecer. Depois fomos para um bar espanhol, onde tocava musica latina e a gente conversava ora em frances, ora em ingles, as vezes em portugues e as alemas em alemao.

Ainda na quarta eu fui ao banco e a moça explicou que a gente precisava marcar um "rendez-vous" pra eu poder abrir a conta. Marquei para quinta 17h e antes disso fiquei fazendo hora aqui perto da escola. Fui ao restaurante brasileiro, mas ele so abre a noite. No banco foi bem tranquilo, a moça era muito simpatica e falava devagar para eu enteder. Os bancos franceses sao estranhos, nao tem aquelas filas com um monte de gente. Parecem mais um escritorio de advogado chique, ou qualquer coisa assim.

Nesse dia pela primeira vez cheguei em casa e nao tive sono. Entao fui lavar minha bota que estava suja - de lama - do passeio no parque. Perguntei a Genevieve como eu poderia fazer isso e ela me perguntou, meio indignada, quantos anos eu tinha. (Nessa parte eu preciso explicar que os apartamentos aqui nao tem area de serviço, muito menos tanque!). Dai ela pegou a bota e colocou na pia da cozinha e eu olhei bem assustada e falei: "mas ai a gente lava as vasilhas!". Nisso ela respondeu: "a gente lava o que quiser". Entao eu falei que ela deixasse, que eu mesma ia limpar a bota e fui para a sala de banho, fazer o serviço na pia. Nesse dia tambem pela primeira vez eu sentei pra estudar. Fiz um texto que era dever de casa e a Genevieve achou bonitinho - era meio que uma cronica onde eu tinha que usar expressoes de causa e consequencia. A professora ainda nao devolveu.

Na sexta tivemos uma festinha na escola. Como no dia 14 foi dia dos namorados, tivemos que fazer uma carta de amor "engraçada" e teve um concurso para escolher a melhor. Obviamente que passei longe de ganhar... A festa começava as 18h. Antes ia ter uma apresentaçao de um filminho feito por alguns alunos sobre algumas confusoes que a gente faz com o idioma. Mas me bateu um espirito de brasileira e eu cheguei quase 19h, quando a festa ja estava acabando. Dai fomos eu e mais duas brasileiras - uma delas era a Juliana - para um bar com os colombianos e uma venzuelana. Eles falavam espanhol e a gente falava portugues e todo mundo se entendia, mas o garçom perguntou se éramos italianos... Depois do bar compramos dois vinhos de 4 euros cada e fomos para o apartamento de uma menina da escola que ninguem conhecia, onde teria uma festa.

A festa foi bem legal. O ape era pequeno, mas nao tinha moveis, entao tinha bastante espaço. Tinha umas 50 pessoas de varias nacionalidades - logo tive a oportunidade de falar todos os idiomas que eu sei - e cada um levava sua bebida. Foi bom para conhecer o pessoal que estuda a tarde e descobrir que na escola tem alguns homens! Conheci um frances bem legal que vai me ajudar a arrumar emprego e me levar pra esquiar - junto com varias outras pessoas - se nao chover no fim de semana. Em determinado momento da festa alguem me pediu pra dançar samba, dai colocamos algumas musicas do meu ipod e foi um sucesso. As nao brasileiras queriam aprender a dançar, mas...

Como de costume, voltei para casa meia noite, ate porque no sabado eu ia viajar. Acordei no dia seguinte as 9h e as 10h e qualquer coisa saimos de casa. Passamos no supermercado, compramos ingredientes para um bolo de cenoura e por volta de meio dia estavamos em Jura.

Trata-se de uma montanha do periodo Jurassico - dai o nome - onde tem varios vilarejos construidos na epoca medieval. Cada um foi formado em torno de um castelo e tem varias casas de pedra enormes e lindas, muros de pedra, igrejas de pedra e varias coisas antigas. Fomos para la comemorar o aniversario da sobrinha da Genevieve. Fui super bem recebida pela irma dela; Anne, e seu marido Dominic - que moram em Paris e me convidaram para ficar na casa deles o dia que eu for la. Comi muito, bebi varios tipos de vinho, champagne e me diverti muito.

Em Jura (pronuncia-se Jurrah, com biquinho pro U) eles fazem um vinho amarelo, que tem um gosto forte, bem tipico. Vale a pena experimentar, mas nao é o melhor do mundo. A casa parecia um labirinto, tinha varios quartos, tres salas enormes, um estudio de musica com piano e bateria e um salao de festas bem no subsolo - o lugar é meio uma caverna e parece aqueles saloes medievais que a gente ve nos filmes. Choveu o tempo todo e fez muito frio. Mesmo assim sai no sabado e no domingo de manha para ver os castelos e outros vilarejos. Ma-ra-vi-lho-so. Tirei varios fotos que colocarei no facebook em breve.

Quando anuncei que eu ia fazer um bolo de cenoura todo mundo teve um pouco de medo. Depois do parabens todo mundo repetiu e a filhinha da sobrinha da Genevieve ate anotou a receita. Alem dos passeios incriveis, da comida deliciosa e dos vinhos, o fim de semana la foi bom para praticar frances, pois a familia era toda francesa e nao falava ingles. Foi a primeira vez desde que cheguei que passei o dia todo falando so o idioma daqui - na escola sempre tem a Juliana e em casa sempre falo com alguem no skype. No fim do dia eu estava ate cansada.

Fiquei perguntando como funcionam algumas coisas na França, como sistema de saude, educaçao e por ai vai. Falando nisso, esqueci de comentar que a estrada era impecavel, toda duplicada, linda, sinalizada, perfeita. Mas pagamos 12 euros de pedagio para ir e mais 12 para voltar. A viagem foi a estreia do carro novo da Genevieve, um citroen pequeno e muito bonitinho - aqui tem todas as marcas de carro, mas a maioria é Renault, Peugeot e Citroen, e tambem tem muitos BMW. Ela tambem tinha comprado um iphone por 50 euros com os pontos da operadora e estava super entusiasmada - desde o dia que cheguei ela falava em comprar um.

Bom, o post ja estava enorme, entao vou encerrar por aqui. Por favor nao saiam dizendo que tem coisas que so acontecem no Brasil, pois aqui as pessoas tambem esperam horas para ser atendidas em hospitais publicos - ninguem morre na fila, mas a Anne uma vez quebrou a perna, foi para o hospital a tarde e so foi atendida no outro dia de manha. Alem disso, a licensa maternidade aqui é de dois meses. E pensem bem se vocês pagariam 12 reais de pedagio num trecho de 160 km sem reclamar.

p.s.: esqueci o iphone em casa, por isso a foto sera postada mais tarde.

Um comentário:

  1. Quer dizer que os franceses lavam as botas na pia da cozinha? Depois dizem que não são porquinhos. E o mito do "francês não toma banho", vc já desvendou?
    Bjocas

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