sábado, 9 de julho de 2011

Do céu ao inferno em 21 dias

Entre tapas e beijos, uma família unida e ouriçada

Depois de quase um mês sem dar notícias, nem sei por onde começar...

Três dias depois do último post eu acordei, peguei o trem até o aeroporto e fiquei esperando um cabelo vermelho sair pela sala de desembarque ao meio dia. Até chorei quando isso aconteceu. Mãe, prima, tia, avó, uma sequência de abraços que trouxeram uma felicidade inexplicável. Cheios de malas (pois tinha também o marido da tia), pegamos o trem até o centro de Lyon, onde Geneviève nos esperava com uma amiga dona de um carro bem grande. Viemos para casa beber champagne e comer uns salgadinhos. Depois fui ao centro levar minha tia e o marido ao hotel - e bem nesse dia tinha uma parada gay e uma manifestação de motoqueiros na cidade, então voltei quase 3 horas depois. Finalmente, lá pelas 20h, quando todos tinham dormido um pouco, fomos a um Bouchon (pronúncia: buxôn), nome dado aos restaurantes típicos lioneses.

Ambiente agradável e familiar no coração da Vieux Lyon, o Laurencin oferece entrada, prato principal e sobremesa por 15 euros. Comemos até morrer: canut (quase um patê à base de queijo branco), quenelles (um quase souflê de peixe ou frango), sorvete de framboesa, cassis, profiteroles...

No dia seguinte fomos à Fourvière, descemos para o centro da cidade, almoçamos próximo ao hotel de Ville e de tarde fomos ao Museu Lumière (dos irmãos que inventaram o cinema). Segunda íamos ao Halles, mas descobrimos que é justamente o dia que ele fecha. Então compramos queijo e pão no supermercado e fomos fazer um piquenique no parque de La tête d'or (eu, minha prima e minha tia até andamos de bicicleta). De tarde fomos às compras e tentamos dormir cedo, pois no dia seguinte às 4h30 da manhã pegaríamos um táxi, para ir a estação pegar o trem para o aeroporto.

Chegamos lá antes de 6h da manhã, passamos por mil procedimentos de check-in e às 7 o avião decolou. Chegamos em Roma 8h30, mas até as malas chegarem, pegarmos o ônibus pro centro e enfrentar um engarrafamento horrível, chegamos no centro quase às 11h. Tomamos café e fomos para o hotel deixar as malas. Depois tentei ligar para o hotel em Lyon, pois minha mãe tinha esquecido a carteira (mais tarde descobrimos que tinha ficado ao lado do computador da Geneviève). Não consegui. Fomos almoçar, fizemos check-in no hotel, tomamos banho e lá pelas 3h da tarde pegamos um ônibus de turismo.

A cidade é ma-ra-vi-lho-sa! Mas é também uma bagunça e têm um trânsito pior que o de Manaus (pois os romanos ignoram a importância das placas e semáforos e parece que já se acostumaram a dirigir na base da busina). Descemos no Coliseo e depois andamos um bocado no Foro Romano. Mais tarde ainda fomos à Fontava di Trevi e ao Pantheon. Tudo isso sob um sol estilo nordeste brasileiro. De noite só pensávamos em dormir, só que o marido da minha tia, que pertence ao grupo social conhecido como "terceira idade", deu um jeito de se perder e causou um estresse danado no grupo.

No dia seguinte fizemos o check-out logo cedo e fomos ao Vaticano - e visitamos o museu do Vaticano e a capela sistina. Como eu já tinha comprado as entradas pela internet, "furamos"uma baita duma fila, mas isso não diminuiu em nada a sensação de sardinha enlatada lá dentro. A capela sistina foi uma decepção: é tanta gente que nem dá pra parar e ficar olhando pra cima - os seguranças ficam todos te xingando, mandando você sair logo.

Em seguida, com o ônibus de turismo, passamos pela Vila Borghesi e prometemos voltar à cidade e passar no mínimo mais uma semana, pois para todo lado que você olha tem um monumento, cada um mais fascinante que o outro. Os italianos não se parecem nada com os franceses, mas lembram os brasileiros: alguns são bem simpáticos e calorosos e outros bem mal-educados. Em volta do Coliseo tem umas 50 barraquinhas de sorvete, sombrinha, panini e vendedor de mini-coliseo. E dentro do museu do vaticano o que não falta é loja de souvenir. Na verdade, na cidade inteira tem quase um ambulante e dois brasileiros para cada turista. Também fiquei impressionada como as coisas são baratas por lá (para comer, pegar táxi, lojas...), e como a gente se vira super bem na Itália falando apenas português e italiano de novela.

Acabado o tour, fomos procurar o ônibus para voltar para o aeroporto. Correndo atrás dele, minha tia perdeu as rodinhas da mala (que segundo testemunhas foi comprada em uma famosa rede de supermercados do norte de Minas e já vinha apresentando problemas desde o início da viagem). Como a Itália está mais para Brasil que para França, tivemos que passar algumas horas esperando pelo vôo atrasado num aeroporto que na verdade era um galpão improvisado. Chegamos em Paris quase meia noite, pegamos um ônibus para o centro e um táxi até hotel.

No dia seguinte, acordamos um pouco mais tarde (lá pelas 9h), pegamos o metrô até a Notre Dame, andamos até o Louvre pela beira do Sena, vimos a Monalisa, almoçamos no Louvre, andamos pelo Jardim das Tuilleries até a Champs Elysés e depois toda a avenida até o Arco do Triunfo, com parada na fila do La Durée para comprar Macaron. Voltamos para o hotel e descansamos até a hora de subir na torre Eiffeil. O Thibaut saiu do trabalho e foi me encontrar no hotel para ir com a gente. Eu também tinha comprado as entradas pela internet, evitando assim mais uma fila desnecessária. Chegamos lá pouco antes das 22h, bem na hora do por-do-sol (isso mesmo, por-do-sol às 22h).

Descemos e ainda fomos a um restaurante lá perto jantar. Mais uma vez voltamos para o hotel exaustos. Acordamos e fomos para Versailles, mas dessa vez as entradas compradas pela internet não serviram para escapar de uma fila de quase uma hora. Lá dentro, tivemos a impressão de que todas as escolas de Paris resolveram fazer excursão exatamente naquele dia. Mais tarde fomos passear no jardim e sugeri ao pessoal de alugar um carrinho para fazer isso (afinal, estamos falando do jardim de Versailles). Para tanto, era preciso deixar a carteira de motorista como garantia e pagar na volta, mas minha tradução simultânea sofreu alguma falha técnica e minha prima quase perdeu o documento... Felizmente os seguranças do palácio foram ágeis e simpáticos e mesmo quando todo tinha mundo já tinha ido embora eles nos deixaram entrar de volta e ainda ligaram para o cara que cuidava dos carrinhos vir nos encontrar.

No último dia na cidade-luz fomos à Bastilha a pé e de lá pegamos um ônibus até o Pantheon (passando pela praça da Sorbonne). Almoçamos crepe e depois nos dividimos no grupo que queria fazer compras (tia, marido e prima), e no grupo que queria visitar o jardim de luxemburgo (eu, minha mãe e minha avó). Às 18h54 pegamos o TGV de volta para Lyon e novamente fomos ultra-mega-bem recepcionados pela Geneviève, que nos entupiu de comida, vinho e macarons.

Às 4h da manhã do dia seguinte, todo mundo foi atravessar o oceano e eu me vi sozinha mais uma vez. A viagem foi corrida, cansativa, mas deliciosa. Claro que brigamos várias vezes, por qualquer razão, mas acabamos sempre pedindo perdão. E eu, que sou a pessoa mais perdida do universo, me senti muito orgulhosa de mim mesma por ter atuado todos esses dias como guia e intérprete (ainda que algumas vezes eu tenha pegado o metrô pro lado errado...).

O que aconteceu nas duas semanas seguintes, no entanto, não é exatamente algo interessante a ser relatado. Eu e o Thibaut começamos a brigar e agora, além de não ter mais família nem amigas (everybody's gone), também não tenho mais namorado. Semana passada quase nem fui à aula e descobri que, definitivamente, não nasci para ser garçonete. Essa semana as crianças entraram de férias (a Europa inteira, na verdade), então meu período como babá acabou. Fui ao parque todos os dias andar de bicicleta e comprei passagens para fazer um tour por algumas capitais europeias no mês de agosto. Mas nada serviu para eu parar de contar os dias para voltar para o Brasil. 20 de agosto. Wish me luck!

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