terça-feira, 17 de setembro de 2013

1, 2, 3, valendo!


 
Le Rhône, fachada da Ópera de Lyon, vista do último andar da Ópera, 
Geneviève e eu, vista da janela-varanda em Paris  


Neste capítulo:
1. Primeira viagem de ônibus na zoropa
2. Lyon
3. Um quarto para chamar de meu
4. Primeiro dia de aula

Primeira viagem de ônibus na zoropa
Mesmo em Paris a rodoviária é feia. O banheiro não é exatamente limpo e as pessoas têm aquele ar entediado de quem preferiria não passar seis horas dentro de um ônibus. Era o meu caso. Acontece que deixei para comprar a passagem de última hora e agora tenho mais de 25 anos, o que significa que o TGV sairia bem caro. Pelo menos a estrada é duplicada, com três faixas de cada lado, e impecavelmente plana e bem sinalizada. O carro vem de Amsterdam, passando por Bruxelas e Lille. Acabou atrasando 40 minutos na entrada de Paris, por causa de um acidente. Fiz amizade com o motorista, de origem árabe (como a maior parte dos motoristas da Eurolines) e fui sentada bem na frente, olhando a paisagem. A parada foi em um Graal de luxo, com croissants no lugar das coxinhas. Cheguei a Lyon 23h50, peguei a linha C19 e por volta de meia noite e dez pude abraçar a Geneviève.

Lyon
É estranho sentir vontade de abraçar uma cidade? Pois foi assim que me senti em Lyon. Em casa, em paz, feliz. Quinta-feira cedo, Geneviève me levou para conhecer o novo quartier da cidade, o Confluence, que leva esse nome porque fica localizado bem onde o rio Rhône encontra seu amigo Saone. Assistimos "Le Majordome" (The Butler), filmaço que deve arrasar no Oscar. De tarde estive na escola de francês e descobri que quase todas as minhas ex-professoras estão de licença maternidade. Depois saí andando. Às margens do Rhône, Hotel de Vile, Cordelier, Place Bellecour... Fazia sol e as ruas não estavam repletas de turistas, nem de gente mal-humorada querendo passar por cima da sua cabeça. Me senti como se estivesse voltando à cidade onde cresci depois de 20 anos sem aparecer por lá.

No dia seguinte, Geneviève recebeu uma amiga e uma de suas ex estudantes no almoço. A amiga eu já conhecia e é quase tão simpática quanto minha mère française. A ex-estudante é chinesa, tem uns quarenta anos e mora na França há mais de 20. De tarde, Geneviève e eu caminhamos bastante no centro, por isso, à noite não conseguimos fazer nada além de jantar (com um bom vinho rosé, bien sur) e dormir. Sábado fui passear com a Elcita, a colombiana que mora lá atualmente. Era o "Dia do patrimônio", então todos os monumentos da cidade estavam de portas abertas para o público. Fomos à Ópera conhecer um pouco dos bastidores e depois caminhamos para a Vieux Lyon, com uma parada no Berthom.

Domingo voltei para Paris logo cedo. Geneviève fez sanduíches para eu comer na estrada e, junto com a Elcita, foi me levar à rodoviária. Prometi voltar logo. Em seguida prometi a mim mesma voltar de TGV.

Um quarto para chamar de meu
Na terça à noite, antes de ir para Lyon, recebemos a ilustre visita do Monsieur proprietário em Montrouge e assinamos o contrato de locação. O contrato dizia que o apartamento era mobiliado, mas ainda não tínhamos sofá, cortinas, cama, colchão e outras coisinhas básicas. Cheguei no domingo por volta das 16 horas e tudo isso estava em seu devido lugar. Tenho uma cama de casal só pra mim, uma cortina bem escura, uma janela-varanda e muitos metros quadrados para distribuir meus pertences. A sala tem tapetes, poltrona, luminárias, dois sofás e uma mesa de jantar enorme. Meus roomates são simpáticos, divertidos e tranquilos. Como nem tudo é perfeito, leva uma hora de metrô para chegar ao Celsa. C'est pas grave!

Primeiro dia de aula
7h da manhã. Escuro. Frio. Levanto sem nem esperar o despertador tocar novamente. Primeiro dia de aula! Aeee, vou conhecer coleguinhas e professores! Vou saber o horário das aulas! Vou descobrir como tudo funciona! Da última fileira do auditório, escuto a diretora dando as boas-vindas a todos. Ela explica algumas coisas sobre a escola, fala sobre o BDE (Bureau des Elèves = Diretório Acadêmico), a empresa Júnior, o grupo de teatro. Em seguida, cada turma segue para uma sala. "A coordenadora do curso está presa no trânsito, então vamos fazer o teste de nivelamento para as turmas de espanhol e alemão". As 11h, Madame Le Breton entra na sala e explica que metade da turma chegou ao Celsa no último ano da Licence (graduação). A outra metade fez uma prova bem difícil para entrar no M2 (segundo ano de mestrado). Uma aluna foi recrutada pelo Campus France. "Ah sim, parabéns a todos, mas especialmente à Fernanda, que veio do Brasil". Depois ela conta que já teremos uma prova no dia 30 de setembro, explica o programa do semestre detalhadamente e entrega uma folha com os horários até o começo de outubro. C'est parti!

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