quinta-feira, 24 de março de 2011

É primavera

Na verdade a foto não tem nada a ver com o post, mas..... bom, quem é brasileiro entende.

Europeu gosta muito mais de sol que brasileiro. A temperatura esses dias (no fim de manhã e à tarde) tem chegado a 18 graus e por causa disso todo mundo resolveu sair na rua. Na escola, sempre me perguntam se vou "aproveitar"o sol, então ontem perguntei para a professora o que se deve fazer quanto está "tão quente". A resposta eu vi nas ruas: piquenique no parque, piquenique na grama da praça, piquenique na beira do rio, bares lotados de cadeiras nas calçadas, pessoas e mais pessoas nas ruas, todas felizes e sorridentes - mas com roupa de frio. Porque assim, se você andar debaixo do sol até sente um calorzinho, mas ainda não ouso sair de casa com menos de duas blusas de frio (pelo menos, creio eu, a época do casacão acabou).

Agora eu realmente entendo o clichê das quatro estações (frio no inverno, folhas caindo no verão, flores na primavera e calor no verão). Até semana passada, folha em árvore era uma coisa que simplesmente não existia por aqui. Ontem, andando pela cidade à procura de anúncios de emprego, pude constatar que Lyon está repleta de flores - e onde não tem flor tem qualquer coisa parecida brotando. Viva a minha tão aguardada primavera!

Apesar do tempo maravilhoso e da troca de estação, o começo da semana não foi nada fácil. Segunda-feira a Genevieve viu na padaria aqui de Ste Foy que estavam precisando de alguém para trabalhar como balconista. Ela ligou, mas o cara não atendeu, então ela deixou recado. No dia seguinte eles se falaram e ele pediu para eu ligar. Liguei, e ele falou pra ir lá às 18h levar CV e carta de motivação. Cheguei uns 20 minutos antes do horário e fiquei sentada na praça treinando o que ia falar. Acho que me saí bem, ele foi simpático, parecia estar realmente interessado, mas ele procurava uma pessoa que fosse ficar mais tempo (mais de seis meses), então nada feito.

Em parte graças à TPM, em parte porque mais cedo eu liguei para duas vagas e ouvi outros dois "nãos", bateu um desânimo enorme. Sentei na pracinha de Ste Foy, fiquei vendo a vista, pensando na vida e me desesperando. Tinha combinado de ir ao cinema com o Thibaut, mas mandei uma mensagem falando que tinha desistido. Então ele e a Genevieve, como sempre, fizeram todo o esforço do mundo para me animar. Na verdade, acho que naquele momento só ia servir mesmo a minha mãe, mas fiquei feliz mais uma vez de ter os dois por perto.

Ontem, como contei ali encima, saí andando e procurando anúncios. Imprimi vários CV's e cartas e comprei várias pastas de papel. Achei um anúncio logo no começo do caminho. Entrei, perguntei se aceitavam estudantes e o cara disse que sim. Então entreguei o CV super empolgada, mas ele viu que eu não tinha experiência na área e me devolveu. Andei mais um pouco, não achei nada, fiquei com dor de cabeça e vim embora. Hoje fiz a mesma coisa, logo após a aula, mas dessa vez mais perto da escola. Achei uns 50 restaurantes no caminho, mas nenhum anúncio. Mas valeu a pena para conhecer a cidade além do centro.

Mas a verdade é que, desde que pisei o pé em solo europeu, cada dia eu invento uma nova profissão para mim: professora de português, garçonete, balconista de padaria, babysitter, babá, passeadora de cachorro... A mais recente ideia foi virar passadeira. Simples, eu passo roupa super bem, os franceses passam super mal, eles pagam caro para quem se anima a fazer isso por eles, porque não? Voltei para casa para fazer anúncios e sair pregando por aí, mas descobri que existe um instituto de língua portuguesa em Lyon (na verdade numa cidade colada em Lyon que chama Bron e é bem longe do centro) e no site deles encontrei alguns anúncios procurando estudantes que falam português, colaboradores para a rádio luso-latina e coisas do tipo. Mandei email para todos e fiz um anúncio de aula de português. Amanhã vou lá ver se acho alguma coisa e pregar os anúncios. Semana que vem volto a olhar anúncios de garçonete e se nada der certo vou realmente tentar a história de passar roupa.

Acho que não mencionei, mas amanhã vou fazer um bico de baby-sitter para a filha da amiga da Genevieve. Não sei quanto eles vão pagar, mas como vou ganhar algum dinheiro, resolvi me dar ao luxo de ir para Dijon no sábado com a Juliana. É a cidade da mostarda e fica a duas horas de trem. A passagem custou 40 euros ida e volta. Ontem o Thibaut foi para Madri e me disse que pagou o mesmo preço na passagem de avião e que o vôo dura duas horas - é, eu sei, também acho que Madri deve ser muito mais legal, mas...

Hoje tem uma "noite discoteca" que a escola está organizando. Acho que é porque essa semana chegaram 48 adolescentes (ou seja, barulho) italianos (ou seja, duas vezes mais barulho) na escola e eles resolveram fazer algo para entreter a meninada. Mas todo mundo está indo, inclusive eu, uma vez que a entrada custa 5 euros, com a primeira bebida inclusa. Outro grande motivo para eu querer ir é que várias das pessoas pelas quais eu estava me afeiçoando estão indo embora, inclusive as alemãs e a holandesa que vieram no meu aniversário.

Essa semana chegou mais uma brasileira na minha sala, mas ela entra muda e sai calada e tudo que sei sobre ela é que ela se chama Karina, estuda moda e vai ficar um mês em Lyon. Chegou também uma suiça de cara fechada cujo nome nem as alemãs sabem pronunciar. E uma polonesa que também não parece ser muito legal. Vamos torcer para que semana que vem seja diferente.

P.s.: depois tenho que fazer um post inteiro sobre à aula de ontem, quando aprendi a expressão "les bobos" - abreviação de "bourgeois bohème" ou, em outras palavras, o termo em francês para designar todo esse pessoal alternativo que trabalha com comunicação, design, moda e que no Brasil a gente chama de "cult", "indie", ou qualquer coisa parecida.

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