Dijon: construções medievais e chuva de granizo
Sexta foi um dia movimentado. Como o tema da aula da semana passada era cinema, nosso atelier (a segunda parte da aula), foi uma visita ao Instituto Lumière. O nome é uma homenagem aos irmãos Lumière, os inventores do cinema, que por acaso moravam aqui em Lyon (mas na verdade eles nasceram em Bensançon). O Instituto é dividido em duas partes: um cinema, onde passam filmes mais alternativos e antigos - que geralmente não passam nos cinemas comerciais -, e um museu, instalado na antiga casa da família Lumière.
O lugar é fascinante. Cheio de equipamentos e filmes antigos, que fazem a gente se sentir realmente na época da descoberta do cinema. Coisas que a gente acha super modernas, como fotografia panorâmica e 3D, na verdade já existem há muito tempo e estão lá guardadas pra gente ver e se deslumbrar. Mas o mais legal mesmo é ir até a "rua do primeiro filme" (sim, esse é o nome da rua). A explicação é óbvia: foi naquele endereço que Louis e Auguste Lumière gravaram o primeiro filme da história. O "enredo" é o seguinte: trabalhadores saindo duma fábrica. Dura 45 segundos. Mas foi gravado em 1895...
À tarde fui à universidade procurar o Instituto de Estudos Brasileiros. Estava fechado. Então conversei com uma moça do Instituto Camões, que fica ao lado. Ela me falou que por enquanto eles (do instituto brasileiro) não estão precisando de ninguém para trabalhar lá, mas me passou o email da coordenadora, que é brasileira. O campus fica bem longe, a 5 estações de metrô e mais 15 de tramway do centro. Em volta de cada prédio tem uns jardins, mas não dá pra dizer que é um lugar bonito. Dentro dos prédios reina um silêncio constrangedor e a maioria das portas ficam fechadas. Já que eu tinha ido até lá, aproveitei pra conhecer o Instituto de Comunicação, onde tem o curso de jornalismo... Me interessei bastante por um mestrado profissional em gestão editorial e internet. Mas o ano letivo só começa em setembro e até lá dá para pensar e pesquisar mais um pouco.
À noite fui fazer o baby-sitting e foi muito tranquilo. A bebê já estava dormindo quando cheguei e só acordou uma vez na noite. Dei a chupeta e ela parou de chorar, mas continuou com o olho arregalado. Então a peguei no colo e comecei a embalar, até que ela dormiu e não acordou mais. Dormi na casa da família e no dia seguinte Genevieve me buscou e levou direto para a estação de trem - mas antes passamos em casa para eu trocar de bolsa. Eu estava toda feliz porque tinha chegado 20 minutos antes da hora, mas quando fechei a porta do carro lembrei que tinha esquecido o bilhete. Voltamos em casa correndo e eu entrei no trem faltando um minuto para ele sair. Bom, acho que ninguém nem fica mais surpreso quando eu faço coisas desse tipo...
Dijon é uma cidade lin-da! Bem pequena, mas cheia de coisas lindas para ver - ela foi uma das poucas que não foi destruída com a guerra. Chegando lá fomos direto procurar um restaurante. Depois do almoço andamos, andamos e andamos. Depois paramos num café e eu comi um tiramisu divino. Em seguida tentamos visitar o museu de belas-artes, mas faltava apenas 20 minutos para ele fechar (porque no frio ele fecha às 17h e não às 18h, como no verão). Então fomos ao museu da vida Bourguignonne (Dijon é a capital do departamento de Borgonha), que também estava para fechar. Fizemos uma visita dinâmica. Por fim paramos em outro café para ficar bebendo cerveja até a hora do trem. Cheguei em Lyon 23h, morta de cansaço, mas ainda entrei no gtalk para falar com o Thibaut e depois com minha mãe.
Ontem acordei tarde e o horário mudou. O que significa que agora temos uma diferença de 5 horas com o horário de Brasília. A tarde Genevieve me levou para ver um barco que funciona como bar (não sei se já mencionei, mas aqui têm pessoas que moram em barcos, como em Amsterdam), porque eles estavam precisando de uma garçonete. Estava fechado por causa da chuva. Em seguida fui ver o Thibaut, que tinha acabado de chegar de Madri e ontem mesmo já ia para Paris - e hoje para Londres...
Desde a semana passada, tem uma americana na minha sala que só assiste aula segunda-feira. Tem dois anos que ela mora aqui com o marido (americano) e eles têm dois filhos. Me ofereci para fazer baby-sitting e ela ficou muito feliz, pois a menina que costuma fazer esse serviço para ela está indo embora para a Austrália.
À tarde fui ao ofício de imigração, fiz um exame médico e ganhei meu "titre de séjour" (algo como "título de permanência"). Não sei direito para que serve, mas sei que é importante. Como o médico me mandou emagrecer, comprei legumes para o jantar, em vez de pizza ou lasanha congelada. Ele falou que minha pressão estava no limite para ser considerada como alta. Expliquei para ele que sempre tive pressão baixa, então ele falou que talvez fosse momentâneo, mas me recomendou comer menos sal. Mas o coração está batendo direitinho e o pulmão está bem limpinho, de acordo com a radiografia que eu fiz, logo não se preocupem, que eu vou sobreviver.
Bom, por hoje é só pessoal!
p.s.: dessa vez comprei uma mostarda para a Genevieve, mas espero realmente que na próxima viagem não ocorra nenhum imprevisto!
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