Meu computador nao chegou, por isso estou meio sumida. Acho que entendi o email da Sony errado (ontem era o dia que o computador saia da fabrica e nao o dia que chegaria para mim). Mas acho que da semana que vem nao deve passar. O problema é que ele vem do Japao, com essa historia de terremoto pode ser que atrase.
Alias, falando em Japao, hoje me dei conta que eu nao sei mais o que se passa no mundo. No Brasil eu sempre sabia das noticias, via TV, lia jornais. Aqui eu nao consigo fazer isso. Eu nao sei o horario do jornal da televisao, eu demoro um seculo pra ler o jornal escrito (as revistas entao…). Mas tambem é verdade que eu passo muito menos tempo na frente do computador – tudo tem suas compensaçoes.
Todo dia tem alguem distribuindo jornal gratis no metro. Geralmente eu pego um. Mas é um tabloide (quando o jornal é daqueles pequenos) regional, entao tem mais noticias sobre Lyon mesmo. Tambem nao é dificil encontrar revistas gratis. Mas, logico, nunca é nada muito profundo. Ontem, lendo algumas coisas que eu peguei na rua, tive a ideia de mandar um email para o Lyon Plus, o tabloide que eu leio todo dia, e pedir pra fazer uma visita a redaçao. Vou pedir ajuda a um frances e ver se faço isso ate semana que vem.
Essa semana foi cansativa. Como a professora nao foi segunda, terça, quarta e quinta tivemos aula a tarde tambem. Em uma dessas reposiçoes, alguem perguntou sobre o carnaval. Eu e a Juliana começamos a falar como era, ate que a holandesa falou que nada Holanda tem um carnaval brasileiro, mas que é visto de maneira meio pejorativa, porque todo mundo sempre esta ‘pelado’. Dai uma das alemas perguntou, em tom ironico, se a gente sempre andava com pouca roupa no Brasil. Falei que sim, mas porque faz muito calor e expliquei que ninguem vai trabalhar de biquini. E falei tambem que é preciso conhecer a historia de cada lugar para entender porque as coisas sao do jeito que sao.
Nisso, a gente começou a falar sobre os estereotipos de cada pais e a aula foi sobre isso. Foi bem interessante. Realmente, a imagem do Brasil no exterior ainda é muito associada a pornografia, sensualidade e erotismo. Por outro lado, eu meio que achava que a Holanda era a terra do oba oba, onde todo mundo acha normal fumar maconha e a holandesa me explicou que, na verdade, quem fuma mesmo sao os turistas e que a populaçao do pais nao fica muito contente com toda essa permissividade.
A canadense tambem falou bastante sobre o canada (definido por mim como Estados Unidos mais simpatico) e as alemas um pouco sobre a Alemanha. Mais pro fim da aula, a professora perguntou o que a gente tinha de estereotipo sobre a França. Entao eu tomei coragem e perguntei se eles realmente nao tomavam banho. Ela disse que é verdade que os mais velhos nao curtem muito um chuveiro, mas que a populaçao mais nova vem adquirindo o habito de um banho por dia (apesar de que alguns ainda o fazem dia sim, dia nao).
Tambem perguntei porque o toalete era separado da sala de banho e porque sempre tem cartazes (de propaganda) antigos pregados na parede do toalete e se todo mundo sempre joga o papel higienico na privada. Ela disse que o toalete separado é mais pratico : se alguem resolver tomar banho o outro ainda pode fazer suas necessidades (ate que faz sentido). Os cartazes, ela nao entendeu muito que era meio bizarro e disse que era "decoraçao ". Ja o papel higienico, realmente, é assim em toda a Europa.
As alemas sao legais, principalmente a Andrea, que chegou na escola junto comigo. Mas uma delas que chegou ha menos tempo as vezes é muito arrogante e fala de tudo que fica fora da Europa (ou ate dos paises mais pobres da Europa) com um certo desprezo. E elas falam muito alemao na sala - acho isso uma baita falta de respeito com a professora. Aqui na França, e mais ainda na Holanda e na Alemanha, eles acham que Portugal, Espanha e Italia sao o caos e se referem a esses paises como "os lugares onde faz mais calor". Ou seja, pra bom europeu calor é sinonimo de subdesenvolvimento.
Nesse mesmo dia sai com o Thibaut e fomos ver um filme chamado "Les femmes du sixième étage", algo como "As mulheres do sexto andar", sobre as espanholas que trabalhavam como empregadas domesticas na França ha uns 4 seculos. Fiquei muito feliz de entender tudo (quer dizer, teve umas duas cenas que todo mundo riu menos eu, mas achei meu aproveitamento excelente mesmo assim).
O filme veio bem a calhar num dia que eu refletia sobre discriminaçao cultural e tudo mais. E me pensar ainda como a America do Sul seria diferente se tivesse sido colonizada pelos paises "frios" (de temperatura e de gente).
Tambem fui ao restaurante brasileiro e odiei. Serviço horrivel, demorado, comida mais ou menos e super caro. O dono do lugar nem fala portugues. Acho que é alguem que foi passear no Brasil e teve a ideia de abrir o restaurante. Achei que ia matar a saudade da farofa, mas a farinha era daquelas grossas. O Thibaut, que nao entende nada de Brasil, achou tudo otimo (mas ele tambem é muito educado pra falar que nao gosta de alguma coisa. Por outro lado ele nao é igual aos outros franceses que falam que tudo é "pas mal", ele conhece expressoes como "parfait", "magnifique" e "tres bien".
Bom, agora tenho que ir jantar, porque vou sair com a Juliana daqui a pouco. Amanha o Thibaut vem almoçar aqui em casa. Ele nunca me deixa pagar nada e fico meio sem graça com isso, por isso resolvi fazer o convite. Faltam tres dias para o meu aniversario e nem estou fazendo contagem regressiva. Me desejem sorte e coragem na semana que vem para encarar os 24 anos de idade e começar a procurar um emprego de verdade.
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